Ele é daqueles caras que você esbarra em meio ao calçadão de Copacabana em uma terça de manhã, de cabelos molhados e prancha debaixo do braço. Simples. Parece ser gente boa. E é. Fez isso durante 34 anos, agora a vida do carioca da gema tomou outros rumos. Agora não, há 20 anos. Quando o biólogo resolveu começar a registrar o seu olhar, uniu sua paixão pela natureza e a preocupação com a sua função política no mundo e foi fotografar. Seu pai sempre demonstrava se preocupar com o que era público, sempre deu importância a política dentro de casa, não era daqueles pais que só sabem repetir “político é tudo bandido” quando os filhos tentam explicar que não existiram provas suficientes contra a Dilma e ela foi golpeada, e não impeachmada, então Alberto Veiga nutriu esse posicionamento dentro de si. Depois de algum tempo olhando pro mundo e só registrando as imagens em sua mente, ele resolveu mostrar o mundo, pelo seu olhar, para o próprio mundo. Olhou as coisas que estavam acontecendo e não podia ficar sem expor aquilo. Foi pra rua. Bomba, Tiro, Grito, Correria, Fogo, Chamas, Palavra de Ordem, Respeito, Peito, BOPE, PM. Os olhos que estavam sempre abertos registrando tudo, se fecharam frente a várias situações por causa do gás lacrimogêneo. Por várias vezes se afastou daquilo que o atraía por medo, medo da PM que deveria o proteger. Viajou, viu o Palácio, viu Dilma e seu último discurso, viu e registrou Dilma Rousseff cair. Precisava ser foto jornalista em um Brasil onde nas palavras dele e se não, nas de todo mundo, “a cobertura da mídia é constrangedora”. Mas falando com tranqüilidade e simplicidade, ele, que passou muito tempo na rotina do escritório, diz com o sorriso solto que tem que até hoje não conseguiu desapegar desse ranço de “vida segunda a sexta”, mas que quer voar longe, quer ir a Colômbia e elevar seu fotojornalismo ao nível internacional, quer fazer a lente da sua câmera olhar como ele olha: por cima do muro.
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