sábado, 3 de junho de 2017

Uma Câmera na mão e um ideal na cabeça


Com a entrada de imagens nos jornais impressos vimos a colisão de dois mundos em uma nova profissão: o Fotojornalismo. Esse novo profissional habita ao mesmo tempo o campo da arte e do jornalismo, porém enquanto a arte é livre, o campo jornalístico acompanha uma série de questões éticas e tabus. E cabe a cada fotojornalista definir os seus limites sobre o que pode fazer com a foto e com o ambiente em que está inserido, o que muitas vezes cria uma espécie de cortina que separa o fotojornalista do assunto que está fotografando.
Porém no mar de fotojornalistas conheci um que se destacou, Alberto Veiga, que por mas que tenha acabado de começar no mundo do fotojornalismo mostra uma forma bem diferente de agir.
Criado perto do mundo das centrais sindicais esteve sempre envolvido em causas sociais. Formado em biologia, teve por muito tempo a fotografia apenas como um hobby junto do surf. Porém cansado da vida de escritório, largou sua carreira na biologia e pegou sua câmera com intuito de defender seus ideais, e isso talvez seja seu principal diferencial.
Enquanto muitos fotojornalistas permanecem atrás de uma cortina, se separando do meio que estão fotografando tanto fisicamente quanto ideologicamente, Alberto não tem medo de deixar seus ideais transparecerem em suas fotos. Com suas lentes tele ele tenta observar o que está além dessa cortina, observar as pessoas que compõem a paisagem de um protesto, mesmo que bombas e tiros transformem a paz da manifestação no caos de um campo de guerra. Ele até ousa cruzar essa cortina, apenas para ajudar um manifestante com um carrinho de bebê, algo impensável para alguns fotojornalistas mas que de acordo com ele é uma forma de reafirmar sua humanidade.
Porém Alberto não se limita apenas às manifestações, o visor de sua câmera registra desde comitivas de imprensa em Brasília até intervenções artísticas no Rio de Janeiro. Todas com o mesmo ar crítico característico de suas fotos.
Por mais grandiosa que minha descrição desse fotógrafo pareça, ele ainda está começando sua carreira, vendendo suas imagens para jornais menores, como o jornal em que sua esposa trabalha como correspondente internacional, dentre outros meios de comunicação que tenham interesse em comprá-las. Suas fotos ainda não são expostas em museus ou inscritas em concursos, espaços estes que Alberto pretende brevemente conquistar. Porém enquanto a experiência como fotojornalista ainda não é seu grande forte, sua coragem excepcional, talvez herdada dos esportes radicais que pratica, unida ao seu senso crítico e humanidade são o suficiente para o tornar um fotojornalista especial que eu mesma acho que tem potencial enorme para crescer e se tornar um grande nome no mercado.

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