quinta-feira, 8 de junho de 2017

Um e noventa e nove

Nunca fui um cara que gostasse de coisas caras, cresci com humildade, respeitei o próximo, busquei meu espaço e tracei meu caminho. Não que não seja ambicioso, até me atraem os holofotes, mas eu prefiro ficar aqui. Alguns dias atrás da bancada do bar, outros dias se puder eu simplesmente troco de lado. Roupas simples, comidas nada sofisticadas e uma boa companhia são as coisas que preciso para estar feliz.

Nunca fui competitivo, me considero um cara tranquilo. Quando mais jovem tinha um bar, gostava da liberdade, vivi boas histórias, mas a partir de um momento decidi escreve-las. Me deram um prêmio, não tão importantes para os outros, mas para mim um alicerce. Escrever deixou de ser um simples lazer para se tornar minha atividade principal. Um lápis se tornava minha ferramenta de trabalho, um objeto simples, era uma das coisas mais importantes para mim.

Os momentos de lazer aumentaram e as obrigações mudavam, minha vida se tornou melhor por causa de uma folha, um simples papel seguido de outros e outros que quase me transformaram numa grande embalagem. Quase ganhei um prêmio importante para os outros, mas ainda bem que não. Quem sabe o que poderia acontecer? Se meu nome vendesse, talvez meus livros não e eu me tornaria mais um apenas. Mais um daqueles nomes que você talvez já tenha lido, mas a essa altura nem lembra.

Prefiro ouvir a canção do vento, prefiro sentir todo dia o sabor do café e o cheiro meio estranho dos restos que por cima das minhas bolas de papel se tornaram uma parte do meu lar. Minha cadeira velha, uma mesa vazia, meu lápis. Silêncio, por favor! Cada um constrói o seu espaço, cada um deveria ter seu espaço, cada um tem um olhar e deveria ser olhado.

Luiz Inácio

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