sexta-feira, 30 de setembro de 2022

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 Na primeira semana, vi pela primeira vez o seu sorriso cafajeste, a curva do seu nariz, o jeito que você anda como se fosse completamente seguro de si. Não achei nada demais em você.

Na segunda semana, ouvi o jeito atrapalhado como você fala. Observei você lendo um livro que eu amo, e usando uma camiseta de uma banda da qual sou fã. Ouvi suas respostas educadas e inteligentes. Quanto mais eu descobria sobre você, mais queria descobrir. E a partir daí, esse seu sorriso cafajeste começou a ter outros efeitos sobre mim.
Na terceira semana, minhas expectativas foram quebradas em milhões de pedacinhos. Descobri, pela sua própria boca, que você é comprometido. Nos dias que se seguiram, você foi protagonista de todos os meus sonhos. Eu acordava todas as manhãs me sentindo irritada, querendo arrancar você do meu sistema. Não é sempre que eu sinto atração por alguém. Por que você, justamente você, namora?
Tentei parar de pensar em você, mas não consigo. Tentei até mesmo não escrever essa crônica sobre você. Deixar o rascunho lá, perdido no fundo da minha gaveta, escondido do mundo. Mas não consigo.
Imagino o tempo todo a sua boca na minha, aquele sorriso cafajeste se repetindo enquanto nos beijamos. Sonho acordada com você tirando a blusa, me puxando pra perto, o calor da sua pele contra a minha. Devaneio sobre como seria passar os meus dedos entre os fios do seu cabelo, que me parece ser tão macio. Ou então como seria passar minhas mãos pelos seus braços, sentindo seus músculos fortes. Imagino suas mãos largas e firmes me despindo, seus dedos percorrendo cada parte do meu corpo como se você tentasse gravar-me em sua memória. Penso sobre como seria ter você dentro da minha boca. Idealizo seu gosto, seu cheiro, e até mesmo o que eu veria refletido em seu rosto enquanto você se desfaz com meus lábios ao seu redor. Imagino o que você sussurraria no meu ouvido enquanto me toca. Quase consigo sentir seu suor se juntando ao meu, e ver na sua pele as marcas deixadas pelas minhas unhas. Penso em como seria olhar dentro dos seus profundos olhos castanhos quando seu corpo se fundisse ao meu, que sentimentos estariam refletidos neles. Imagino assistir a você se desfazendo, seus lábios sussurrando meu nome como uma prece. Minha mente projeta sua boca ao redor dos meus seios enquanto eu murmuro palavras profanas em resposta. Sinto seus lábios abaixo do meu ventre, seu sorriso cafajeste surgindo mais uma vez ao ouvir os sons que saem da minha boca. Percebo meu corpo se desfazendo sob a sua língua, e em seguida provo do meu próprio gosto na sua boca quando você me beija de novo. Finalmente, você me segura contra seu corpo, nossas respirações ofegantes, nossas bochechas coradas. Eu encosto em seu peito e relaxo em seu abraço.
Imagino escolher você para ser o meu primeiro. Apesar de tudo isso que vivemos juntos, nunca trocamos sequer duas palavras. E eu nunca poderei tê-lo.

Sanglard

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