Eu nasci e ele já estava lá. Uma imensa bola de pelo, que tinha nome e aparência de
valentão. Porém, Bradock não passava de uma criança presa no corpo de um cachorro.
Acho que já nasci amando aquela enorme criatura. Também acho que ele nasceu com a
vocação de me amar imensuravelmente, talvez meu “anjo da guarda”. Incontáveis as
vezes que me fez sorrir sem falar uma palavra. As vezes que me transmitiu paz e
segurança. Com o passar dos anos, ele foi meu pai; irmão e melhor amigo. E lá estava
meu melhor amigo. Seus pelos pretos e marrons perderam a batalha contra os pelos
brancos. Sua energia infinita, de perseguir o Sol enquanto se põe, experimentou, pela
primeira vez, o gostinho da finitude. Logo você, que sempre me colocou nas alturas, me
derrubaria do precipício. Eu cresci e, dessa vez, ele não estava mais lá.
Autoria de Dirceu da Cruz e Sousa
Uma breve e linda crônica!
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