Futebol e o menino
Ontem, ouvi choros e gritos dizendo que não gostava de futebol, que não suportava qualquer coisa relacionada ao esporte. Lembro de alguns momentos do menino se negando a acompanhar futebol. Indo em direção ao passado, consigo ver a criança parada no meio da quadra de futsal na esperança de que alguém passasse a bola para ele. Os garotos correm, fazendo jogadas entre si e o menino permanece ali, livre, levantando um dos braços, esperando participar do jogo.
O pequeno sai aborrecido de quadra, em prantos, questionando ao ar o porquê de nenhuma das outras crianças quererem passar a bola para ele.
Meses correm e a mesma situação ocorre rotineiramente.
O time é chamado para participar de um campeonato e todos os meninos são convocadas para jogá-lo, menos ele.
Enfurecido com toda a situação, ele promete a si que nunca mais se envolveria com futebol.
Anos se passam e após todo esse tempo se mantando relutante sobre suas convicções,o menino cede a um dos milhares de súplicas de sua mãe para que ele desse mais uma chance para o esporte, em outro clube.
Logo no primeiro dia de treino, em um novo ambiente, foi encaminhado a psicóloga para tentar contar suas questões. A mãe explica a profissional os motivos que desencadearam essa percepção deturpada sobre o esporte coletivo. A partir desse momento, inicia-se um longo processo de um trauma.
Esse menino é meu irmão, e ele é uma criança autista.
A inclusão é uma luta diária. Mesmo com as suas limitações, pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), têm de serem inseridos e ocuparem todos os espaços que pessoas neurotípicas estão, principalmente dentro de qualquer esporte. Sem serem rebaixadas ou desqualificadas, serem resumidas a sua neurodivergência.
O esporte é pra todes.
Autoria de Steff
o texto é lindo, e espero que a cada o futebol venha se transformar em um verdadeiro lugar de inclusão, para que todos venham ter oportunidades de se maravilhar nos diferentes esportes dentro dessa esfera, sem medo de não ser aceito ou até mesmo excluído.
ResponderExcluirÓtimo texto Steff!
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