“O que desejas? ”, perguntou minha consciência. “Não sei”, respondi. Menti. Sabia
exatamente o que eu queria. Mas ao mesmo tempo, não tinha certeza. Naquele momento
não tinha mais certeza de mais nada. Saltar do parapeito e cair em seus braços? Talvez.
Sentir a liberdade por segundos e me prender em tuas mãos para a eternidade. Essa
questão me assusta. De verdade. Sempre fui do mundo, todavia o mundo nunca foi meu.
Nem quero. Só quero que o meu mundo seja você. Confuso, eu sei. Mas ela me entende,
ou finge entender. Como que alguém me entende, sendo que nem eu mesmo me
entendo? Ela finge muito bem. Almejo o impossível para me contentar. Não nasci
poeta, porém almejo ser. Tudo é poesia, inclusive ela. As mais perfeitas frases de
Machado de Assis e Casimiro de Abreu não conseguem descrevê-la. Como queríamos
que isso desse certo. Triste é pensar que todo pôr do Sol é eterno e toda tarde tem um
fim. Desejamos o infinito para nós, mas nem começamos a construí-lo. Juro que não
estou perdido. Ando por linhas tortas, mas eu chego eu algum lugar. Basta você
entender. Na sua ausência, grito e não me ouço, me olho no espelho e não me vejo. Só
vejo aquilo que não está lá. Sinto o que não me toca. Você. Ah, meu bem, somos tão
complicados. Talvez seja por isso. Não pela distância, sociedade, Deus e o diabo.
Talvez nós sejamos o nosso próprio câncer. Aí eu me dou um tiro na testa e, de ironia,
me levanto. “ O que faria para realizar o seu desejo? ”, pergunta minha consciência, já
mais confusa do que eu. “Loucuras”, respondi. Estaria fazendo loucuras, mas com um
propósito. Emoção versus razão. Vivo um dualismo barroco dentro de mim. Você
adora. Me afogo no copo. Você chora. Desculpa, meu amor. Você pode até gostar de
mim, mas eu não. Infelizmente eu sou responsável pelo o que eu digo, não pelo que
você entende.
Autoria de Dirceu da Cruz e Sousa
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