Você nunca teve ninguém.

Talvez muitas pessoas se identifiquem comigo, ou não…

A história começa quando, em uma conversa entre amigas sobre relacionamentos (tinha uns 15 anos na época), eu quis dar minha opinião sobre o romance de uma dessas amigas e na mesma hora ela me falou:

“Você não pode, você nunca teve ninguém.” 

Essas palavras ficaram matutando na minha cabeça por longos dias, semanas, meses e a partir desse dia desenvolvi um medo de nunca ser amada. Talvez “nunca ser amada” seja forte demais, mas um medo de ser “difícil de amar”, de que meu amor poderia ser “intenso demais” e nenhuma pessoa aguentaria ou gostaria de estar ao meu lado ou de que eu não seria suficiente. Isso se provou verdade em alguns dos relacionamentos que tive um tempo depois desse episódio com minha amiga. Relacionamentos rasos, fracassados, sem reciprocidade, e a pergunta que seguiu comigo ao longo desses relacionamentos sempre era a mesma: 

“Será que eu nunca vou ter ninguém?” 

Pode parecer besteira quando dizem que palavras tem poder, mas no meu caso provei o poder das palavras e o quanto elas me fizeram sofrer. Não colocarei a culpa apenas nas palavras, antes da fatídica frase dita pela minha amiga, eu já me questionava se era difícil de amar ou se eu morreria sozinha, o que destacava o meu medo de ficar sozinha e de não ser boa o suficiente para as pessoas. A frase foi um gatilho que impulsionou todo esse trauma de solidão e de ser insuficiente, transformando-o em medo constante, insegurança acerca de tudo que eu me propunha a fazer e uma tremenda baixa autoestima, consequências que carrego comigo até hoje.

Tem uma palavra no dicionário galês chamada “Hiraeth”, sem tradução oficial, é basicamente a saudade de um lugar ou algo que nunca foi seu e é isso que sinto quando se fala em amor ou em ter alguém. Sinto saudades de algo e alguém que eu nunca tive mas que ao mesmo tempo parece tão real e palpável.

Nunca tive ninguém, mas sinto saudades desse ninguém e espero reencontrá-lo um dia. 

Com amor,

Daenerys Targaryen.