Era noite estrelada quando ela decidiu subir até o telhado para observar o céu. Sozinha, sentou
-se na escada e começou a olhar as constelações. Sua mãe havia lhe ensinado o básico e as
mais famosas dentre elas: Três Marias e Cruzeiro do Sul, ela sabia identificá-las. Estavam
sempre juntas e em ordem.
Diferente de sua vida, que era desorganizada, mas sempre com pessoas em volta. Tudo
mudou no último ano, quando decidiram que ela teria que caminhar sozinha, como Vênus. O
medo dessa nova experiência escondia toda sua coragem, assim como as nuvens cobriam a
noite estrelada.
Pensava e repensava a todo instante quais foram as atitudes que fizeram com que acabasse
sozinha, tão jovem e quando mais precisava. Tinha sido corajosa e gentil com todos que um
dia lhe ajudaram. Estava tudo dando tão errado! Nessa altura de sua vida, ela deveria ter
amizades verdadeiras, pessoas com quem pudesse contar e até um amor.
Investigar um culpado, gerava conforto para si mesma. Talvez, quando o achasse, poderia
descontar toda a sua mágoa. Alguém com certeza fez questão de a difamar, não poderia ser
ela a culpada de ter acabado abandonada como a sua boneca que largou no canto de seu
quarto assim que se sentiu moça. Ela era de verdade, chorava de verdade, respirava de
verdade, roncava e soluçava de verdade. Diferente da boneca, que fazia tudo a poder de
pilhas.
“Você vai acabar ficando sem ninguém por causa desse seu jeito" . A frase dita há um tempo
atrás por uma amiga ecoava em sua mente toda vez que incorporava a detetive atrás do
grande vilão de sua vida. Seria o seu jeito o vilão? Desde o último ano, ela fez questão de
mudar, de ser uma nova pessoa para os outros, para reconquistá-los, ou pelo menos se sentir
inserida na constelação de pessoas novamente.
Dessa forma, o pior estava acontecendo. Ela estava abandonando a si mesma. Estava se
perdendo, se deixando. Foi então, naquela noite estrelada que percebeu que Vênus, mesmo
afastado das outras que a consideravam diferente, estava perto de quem o guiava. Da lua.
Não existia culpado, existia direções que precisava seguir. Descendo as escadas com o
coração mais calmo, teve a certeza que tudo estava no lugar certo e que podia sim caminhar
sozinha, pois agora, tinha uma direção. A Lua.
Noite Estrelada
Noite, eu acho que até agora seu texto foi o que mais me identifiquei. A vida estava um caos e quando pensava que iria acalmar, um tsunami de dor vinha em me derrubava mais uma vez. Mas é impossível de desistir, não é? Uma hora aquela tempestade parou e as coisas em instantes se ajeitaram, como o fim de uma brincadeira que o destino faz com a gente. Será que nós seriámos as mesmas pessoas, caso aquele furacão não tivesse existido?
ResponderExcluir"Não existia culpado, existia direções que precisava seguir." Devo dizer que esse trecho me tocou fundo, Noite. Às vezes sinto o mesmo e parece que seu texto veio na hora certa. Fico feliz que tenha percebido que não existem culpados, existem caminhos diversos e possibilidades infinitas. Parabéns.
ResponderExcluirQue texto profundo, que reflexões vc me gerou, fico extremamente feliz que vc encontrou seu caminho e desistiu de achar um vilão, que sua caminhada seja tão iluminada quanto noites estreladas. Boa Sorte <3
ResponderExcluirOi, Noite. Tenho certeza que assim como a estrela d'alva, seu brilho é o mais forte no céu, seguindo a Lua. Belo texto!
ResponderExcluirTemos aqui um@ admirador@ do céu. Ansiosa pelos próximos textos.
ResponderExcluirNoite, amei amei amei as referências ao espaço e sua reflexão! Certamente um dos meus textos favoritos
ResponderExcluirNoite, eu gostei MUITO do seu texto! Assim como você, muitas vezes eu me sinto sozinha, perdida e sem saber o que fazer. Para tentar contornar isso, eu tento me agarrar as coisas e as pesssoas que fazem eu me sentir bem. Fico feliz de saber que você encontrou a Lua! Um abraço!
ResponderExcluirNoite, eu disse na crônica que fiz para você e repito agora: sou sua fã, amo como você articula suas ideias e as referências que usa.
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