Quando pensamos em alguma situação em que alguém oprime o outro pra se sentir bem,
várias situações vêm à nossa mente, e hoje quero falar de uma em específico:a que ocorre
dentro da nossa família. Posso estar generalizando, mas já vi, e ouvi, muitas situações
parecidas dentro de ambientes familiares e acho que não enxergamos isso como uma
opressão propriamente dita.
Essa é a história da Brenda, que foi expulsa de casa ainda jovem pela própria mãe
simplesmente por estar namorando. Mas até aí é só mais uma história comum de uma cidade
do interior. Revoltante? Sim, mas infelizmente é a realidade de alguns lugares. Brenda foi
forçada a morar com o namorado por volta dos 20 anos simplesmente porque a mãe foi contra
o relacionamento.
Depois de anos, óbvio que a relação entre mãe e filha “melhorou”, e coloco entre aspas
porque mesmo que tenha sido perdoado, não quer dizer que foi esquecido, apenas deixado de
lado por se tratar de família. Durante vários anos, tiveram altos e baixos tanto no casamento
como na família, como a descoberta de um câncer.
Por si só, a doença já é algo que sensibiliza, mas errado é quem pensa que fica em paz aqui.
Mesmo enfrentando todo o tratamento, Brenda foi obrigada a ouvir da boca da própria mãe, a
mulher que a colocou no mundo, que seu marido - aquele mesmo namorado do início- só
estava com ela porque ela foi expulsa de casa e tinha a obrigação de cuidar dela.
O ponto que quero chegar é: quão baixa não deve ser a autoestima de uma pessoa pra precisar
colocar sua própria filha numa situação tão humilhante apenas pra reafirmar o quanto é boa?
Querer jogar na filha que seu relacionamento só existe hoje por uma atitude que ela tomou sei
lá quantos anos atrás? Querer reabrir uma ferida antiga pra poder se colocar como
protagonista?
Retomando o que eu disse no início dessa crônica, muitas vezes presenciamos alguma
situação opressiva dentro de casa e a relevamos por “ser família”. Quantas Brendas não
existem por ai, com histórias parecidas mas que deixam passar por não terem noção da
gravidade. A criação que temos é: “Fulano pode fazer isso porque é filha dele”, "Sicrana tem
que aceitar a situação ‘x’ porque é a tia dela”. E quantos casos de violência já não tiveram por
ai sob essas desculpas?
Sienna Vettra
A opressão pode estar dentro de casa. O 'sangue do meu sangue' não anula as violências que podem acontecer. Precisamos desmistificar esse "acordo sagrado" de família e reconhecer quando existem abusos. Parabéns pelo texto, Sienna.
ResponderExcluirSienna, eu gostei muito da crítica do seu texto! Acho importante que a pessoa sempre busque estar com quem a faz se sentir especial, seja essa pessoa da família ou não! Pois a verdade é que "ser do mesmo sangue" não faz de ninguém uma pessoa legal e muito menos significa que essa pessoa vai ser boa para você. Um abraço!
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