Era uma manhã fria, cerca de 7 horas da manhã. Horário da entrada na escola.
Crianças correndo, pulando, gritando – sendo crianças. Assim que eles entraram na sala
a criança, que entrava na frente de todas as outras, sentou no fundo da sala. De lá ele foi
apontando para seus colegas onde cada um sentaria, como fazia diariamente. Só que
nesse dia, algo estranho aconteceu. Quando apontou para um deles o lugar em que
deveria se sentar, o mesmo recusou. O menino espantado com tamanha audácia foi lá
tirar satisfação, e ouviu em bom tom “Tô fora! Não faço mais parte do grupo.” Fora a
primeira vez que ele havia sido desafiado.
Contrariado, no recreio, o menino foi perguntar ao colega o que tinha
acontecido. A resposta o surpreendeu, já que ele nunca tinha se questionado sobre tratar
mal as pessoas. Veja bem, ele se achava bonito, inteligente, charmoso e muito do
esperto. Pra ele parecia natural que ele dominasse, liderasse, e por que não pisar nos
mais fracos? Não importava, todos estavam proibidos de conversar com aquele que
ousara o desafiar. E outra! Todos deveriam fazer troça da marca de queimadura que o
patife tinha em uma de suas bochechas. Tal afronta só poderia vir da inveja do colega
pelo seu rosto bonito, pensava.
Mas as semanas se passavam, e nada do seu ex-amigo voltar arrependido,
pedindo perdão, implorando para participar do grupo. E a cada dia que passava,
sinceramente, aquele grupo fazia menos sentido. Ele se sentia mais bobo e infantil.
Começou a perceber como era legal e como fazia falta o menino que ele fez questão de
excluir. Então tomou uma decisão: acabou-se essa estória de grupo. Já estavam grandes
demais para isso, segundo ele. Após o fim do seu clubinho, o menino foi lá pedir
desculpas ao seu amigo, ouviu dele um belo sermão sobre aceitar as diferenças, sobre
como havia sido mesquinho, infantil e malvado. E também ouviu perdão.
Desse dia em diante, o menino que, convenhamos, era muito do malvado,
decidiu que nunca mais faria aquilo. Numa aula inclusive aprendeu sobre um tal de
“bullying” que se assemelhava em muito ao que ele fazia com seus colegas, e decidiu
que quando ele crescesse, seria uma boa pessoa. Boa não, ótima!
Espero que ele esteja conseguindo.
Coruja Barbosa
O que importa é reconhecer o erro, Coruja. Aprendemos com eles. Lindo texto.
ResponderExcluirCoruja, tenho certeza que essa criança é uma ótima pessoa. Até!
ResponderExcluirMuito bonito seu texto! Que bom que ele reconheceu o próprio erro antes de se tornar uma pessoa que machuca as outras.
ResponderExcluiramei o texto, tb espero que o menino esteja sendo uma ótima pessoa <3
ResponderExcluirReconhecer o erro é muito mais bonito do que sempre acertar! Amei o texto, Coruja!!
ResponderExcluirBonito seu texto! Raridade um texto com final feliz, achei nossos textos com temáticas parecidas, mas eu mesmo não sei responder se o meu tem final feliz, pois o personagem, que te síndrome de asperger, tentar entender de uma forma que conforta ele. Mas a gente se une em falar sobre essa bobagem escolar e infantil.
ResponderExcluirQue bom é reconhecer o próprio erro e evoluir! Não é fácil, mas a gente consegue.
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