Era uma manhã de sábado. O sol estava tinindo. O suor escorria na testa das pessoas.
As crianças, que estavam de férias naquela época, corriam em volta dos bancos. Os
adultos se encolhiam perto das poucas árvores que ali havia, numa tentativa falha de
ficar na sombra. Olhando para baixo, lá estava, a Cidade Maravilhosa. Com suas
diversas montanhas, favelas, prédios, museus, teatros, bares, quadras de futebol,
carros circulando, jovens curtindo nas ruas e pessoas indo trabalhar. Não que fosse
possível enxergar todos os seus pequenos detalhes lá de cima, perto da grande
estátua, uma das 7 maravilhas do mundo, o Cristo Redentor. Mas duas coisas eram
bem evidentes: a grande Baía de Guanabara e a ponte que a dividia.
Naquele lugar, tinha uma fila onde as pessoas estavam esperando para chegar até a
parte que ficava mais perto da estátua. E lá estava eu, tímida. Agarrada a minha mãe.
Que conversava animadamente com uma moça que estava na nossa frente. A
conversa começou porque estávamos ali há muito tempo e elas decidiram se distrair.
Elas falaram desde cuidados com a casa até viagens. Mas, em algum momento, a
mulher perguntou de onde nós éramos. A resposta foi imediata - “Não somos da capital
e sim do outro lado da ponte” -. Com isso, ela nos olhou da cabeça aos pés e a
comunicação mudou.
A expressão da moça, que antes era simpática e amigável, se tornou de desprezo e
superioridade. Os assuntos da conversa morreram. Até que pouco tempo depois, o
diálogo se encerrou e a mulher se virou para o outro lado. Passou a ignorar
completamente a presença da minha mãe e eu. Claro que, naquele momento,
ignoramos o que aconteceu e continuamos a aproveitar o nosso passeio. Mas, até
hoje, eu penso sobre essa situação, e sobre algumas outras, em que o local onde eu
moro foi o motivo de intolerância. Porque, para algumas pessoas, ser de um lugar
diferente torna o outro inferior? Pura ignorância e egocentrismo!
A minha cidade pode não ser a mais desenvolvida e nem a mais importante para a
economia do país. Porém, isso não faz com que ninguém daqui, ou de qualquer outro
lugar fora das grandes capitais, seja menos importante e não mereça ser tratado com
respeito. Afinal, nós todos não fazemos parte do mesmo mundo? Apesar de eu ser do
outro lado da ponte, eu ainda sou humana.
Mundo Ressonante
As pessoas são tão egoístas e ignorantes. Mas parabéns pelo texto, Mundo. Partilho da sua indignação.
ResponderExcluirNossa Mundo, que situação desagradável, infelizmente existem pessoas que se acham superiores a ponto de agir de tal maneira ou pior…essa mulher nem merece estar em seus pensamentos
ResponderExcluirSão esses tipos de pessoas que fazem os lugares se tornarem feios. Já passei por situações parecidas e isso me motiva a estudar para que a próxima geração não passe por isso. Abraços!!
ResponderExcluirSe tem algo desconfortável é estar perto de pessoas assim. Não conseguem aceitar que outros que não vivem sua realidade cheguem nos mesmos espaços que eles. É patético! Ótimo texto, Mundo! Passo direto por situações como essa e pude me ver na sua indignação.
ResponderExcluireu não sei nem o que comentar, mas consegui até mesmo sentir raiva que você sentiu por essa pessoa daqui, do outro lado da tela. lindo texto também!
ResponderExcluirNão consigo imaginar como é passar por isso.. como existe gente nojenta nesse mundo.
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