Muitas pessoas acreditam que relacionamentos LGBT são complicados para uma
criança. “Como vou explicar isso para meu filho? Como explicar 2 mulheres de mãos
dadas na rua? Ou se beijando? Isso vai deixá-lo confuso, vai mexer com seu
psicológico”. Bem, eu tinha 12 anos quando descobri que minha mãe gostava de
mulheres, e a conversa que “abalaria” minha mente (e minha vida) fui eu quem iniciei.
Demorou 4 anos para eu começar a entender, sozinha, o que era apenas amizade e o que
era amor, e como amo minha mãe, eu queria vê-la feliz, não importa com quem. E foi o
que eu disse a ela, ainda criança. Isso nunca foi uma questão para mim, diferente do que
muitas pessoas imaginam. Crianças são uma folha em branco prontas para receber
conteúdo, e nós precisamos de aprendizado para não criar pessoas racistas,
LGBTfóbicas ou machistas. Mas o texto não é sobre isso.
Voltemos um pouco mais na minha história. A Escola Primária pode não ser fácil,
crianças se comparam às outras o tempo todo, “O que você tem que eu não tenho?”.
Minhas colegas tinham o pai presente, recebiam esse amor. “Por que meu pai não mora
com a gente, mãe? Por que ele nunca me busca? Ou leva pra passear?” eram perguntas
que eu não obtinha muita resposta. O tempo passou. Eu sonhava, o via, acordava, ele
não estava, nunca esteve, nunca estará. Mas o que abala a criança é a orientação sexual
das pessoas, de seus familiares, de sua mãe. Claro.
Então eu cresci, mudei de cidade, mudei de escola, me apaixonei algumas vezes. Fui
evangélica, fui católica, mudei de escola, me apaixonei. Ele ainda não estava lá, nunca
esteve, nunca estará. Patrocinava meus estudos e cobrava os resultados, mas não assistiu
minha evolução, não me viu cair de bicicleta e quebrar os dentes, ou estudar muito e
chorar pois não sabia se conseguiria entrar na faculdade. A caminhada é mais
importante que o destino. Ainda há muito a andar, e eu sei que ele não estará.
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ResponderExcluirlua nova, eu achei o seu texto a coisa mais sincera e verdadeira do mundo, eu concordo muito com você também. a gente, como sociedade, tende a dar atenção aos problemas superficiais, que às vezes nem são problemas de verdade, como ter pais ou até outros parentes LGBTQ+ e ignora o problema real
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ExcluirExatamente! O abandono paternal é muito frequente e vejo poucas pessoas falando sobre isso, o julgamento sempre cai para os lados errados. Muito obrigada pelo comentário!
ExcluirLua, que texto lindo, incrível e sincero. Te entendo um pouco pois passei um pouco por isso na infância. E a sociedade acha que o que choca são casais LGBTQ+, vai vendo...
ResponderExcluirNada mais real que isso! Obrigada pelo comentário
ExcluirEle pode não estar lá, mas quem realmente importa sempre estará com você. Assim como o sol sempre trilha seu rumo com a lua
ResponderExcluirLua, me senti completamente envolvida no seu texto, consegui sentir sua honestidade e vulnerabilidade daqui! É realmente uma pena que os problemas reais de uma criança sejam ofuscados pela sociedade preconceituosa em que vivemos. Lindo texto, parabéns!
ResponderExcluirLua, senti muita verdade em suas palavras e me apertou o coração imaginar a falta que essa figura deve ter feito durante alguma parte de sua vida. Mas tenha certeza que será brilhante independente das pessoas que deixaram de te formar. Certamente isso te torna mais autêntica, forte e esclarecida sobre sua autonomia e independência. Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirQUE TEXTO! Lua Nova, seu texto trás uma reflexão incrível de como a sociedade é hipócrita e o quanto temos que evoluir nossos pensamentos, seu texto é necessário e sua força é linda. Parabéns, que você carregue essa força para sempre!!!
ResponderExcluirQue texto incrível, Lua! Acho que todo mundo deveria ler para refletir um pouco sobre as coisas que realmente importam. Parabéns!
ResponderExcluirO seu texto está o incrível, Lua. Acho que essa é uma reflexão que todos deveriam fazer e textos como esse são uma ótima forma pra começar, parabéns!
ResponderExcluirFiquei boquiaberto, Lua Nova. Sério. A forma que você construiu o texto, a mensagem, e principalmente o sentimento enraizado nas palavras, ficou perfeito.
ResponderExcluirLua, senti muita sinceridade no seu texto e eu acredito que ele deveria ser lido por muitas pessoas. Tem muita gente por aí pensando exatamente da forma que você descreveu. Parabéns por colocar isso em palavras!
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