Odeio admitir essa paixão disfarçada de devaneio

Dia dez de novembro de dois mil e vinte. Abro o twitter e vejo que meu time anunciou

um novo treinador. Na mesma hora em que vi, reprovei. -Como assim o maior time do

estado contratou um treinador com um currículo inconvincente e uma carreira tão

breve?- Me perguntava. Eu não conseguia aceitar. Vendo de fora, como torcedor, a

minha paixão falava mais alto e eu não entendia. Era absolutamente contra essa

contratação.

Vieram os primeiros jogos, as primeiras impressões, e eu mantive minha opinião.

Chegava á rede social e esbravejava. “Não dá mais”, “Estamos chegando ao fundo do

poço”, “Não podemos deixar isso acontecer”. Foram atuações pouco convincentes e a

demissão parecia cada vez mais distante. E eu não entendia o motivo. Até que na reta

final do campeonato o time melhorou gradualmente e levantou o troféu de campeão. Ali

eu poderia, mas eu não quis admitir a minha paixão. Encarei como devaneio. Por mais

puro orgulho que fosse.

A maioria esmagadora dos torcedores, mesmo sendo campeões, ainda queria que o

treinador fosse demitido. E eu fazia parte desse pessoal. Mas não por motivos técnicos,

mas por orgulho. Eu odiava admitir essa paixão e principalmente que estava errado. Eu

estava cego e não queria perder a razão.

Hoje se passaram quase nove meses desde a sua contratação. A história mudou. O

técnico melhorou, criou um padrão de jogo e hoje executa um excelente trabalho a

frente do clube. Existem mais torcedores a favor da continuidade do trabalho do que da

paralisação. E eu odeio admitir isso, mas eu comecei a amar o treinador. Por orgulho,

disfarço como devaneio. Eu odeio admitir essa paixão por Rogério Ceni.

Mamicota Junior