Refleti desde terça-feira sobre o que trataria na crônica de hoje, uma vez que temos
um leque gigante de violências que existem e acontecem ao redor do mundo. Resolvi
então contar sobre uma história pessoal que aconteceu na minha família e me
traumatiza até hoje, a violência doméstica.
Meus pais me tiveram muito cedo, mas muito cedo mesmo, minha mãe tinha somente
dezesseis anos quando eu nasci. Foi um baque na família, um casal de adolescentes
acabara tendo um filho. Meu pai decidiu que largaria a faculdade e se dedicaria
totalmente ao trabalho para me criar. Com isso minha mãe seguia na faculdade
conciliando com a minha criação.
A violência não ocorreu entre eles, mas é necessário que entendam a situação na
época. Meus pais, novos e sonhadores, não podiam passar o dia comigo. Enquanto um
estudava, o outro trabalhava. A maior parte do meu tempo eu estava com meus avós.
Minha avó, tida como dona de casa, passava o dia cuidando da moradia em que vivia e
nos momentos de lazer, estava no computador jogando paciência. Enquanto meu avô
ficava deitado no sofá vendo televisão, levantando geralmente para comer.
Um dia a minha avó esqueceu de esquentar o almoço. Na época eu tinha dez anos mas
eu lembro exatamente como e o que aconteceu. Meu avô levantou, se dirigiu a
cozinha e encontrou a comida fria. Minha avó estava no computador com o hobby
dela. Eu, do quarto dos meus pais, escutei ela chorando. Meu avô batia na minha avó.
Assim que meus pais chegaram e me buscaram eu contei o que havia escutado com
medo e tremendo. Eu não queria mais estar perto do meu avô. Eu tinha medo do que
ele era capaz de fazer. Meus pais decidiram então me deixar diariamente com meus
outros avós.
A partir daquele dia eu nunca mais olhei para ele como antes. Diferente da maioria das
pessoas que vêem o avô como exemplo a ser seguido, eu fui pelo caminho contrário.
Eu não tenho nada a seguir por parte do meu avô. Se ele me ensinou algo, é de que eu
não devo ser como ele era.
Mamicota Júnior
Caramba, Mamicota. Eu sinto muito por ter presenciado isso. Nem sempre os nossos "exemplos" são para serem seguidos. Aprendemos, muitas vezes, nos horrores cometidos pelos outros.
ResponderExcluirEu gostei muito do texto, Mamicota. O título do texto parece que é um aviso, ou até um lembrete. Acho que nenhum homem deve ser igual ao seu avô. Espero o próximo texto!
ResponderExcluirAposto que você será MUITO melhor que o seu avô!
ResponderExcluirO texto está incrível, ansiosa para o próximo, abraços!
Que texto incrível! O simples fato de você ter usado a atitude do seu avô como exemplo do que você não quer ser, já diz muito sobre você. Admiro sua capacidade de discernir os exemplos bons dos ruins, e escolher o que é melhor pra você.
ResponderExcluirMuito bom seu texto. É muito ruim quando nos decepcionamos com as pessoas, ainda mais da nossa família. Que bom que desde pequeno você decidiu não ser como seu avô, parabéns pelo texto e pela atitude!
ResponderExcluirTriste pelo que aconteceu, e por você ainda ter visto. Como já falaram, você com certeza será melhor que ele.
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