Enchendo teu copo

Olá Copo Vazio, antes de qualquer coisa eu gostaria de agradecer o olhar atento às minhas crônicas e o belo perfil que fez. O meu roteiro está ficando bonito e o seu não está ficando diferente. Você disse que sou questionadora e eu percebi o mesmo potencial em você, o questionamento presente na crônica sobre o foro privilegiado do Flávio Bolsonaro é irônico e implacável e eu amei isso, você escreve com seriedade e sempre imprime questões cotidianas em suas crônicas, mesmo que despropositalmente. Acontece que, observando elas, diferente do que você pensa no teu texto sobre vergonha alheia e a romantização da exaustão a qual se referiu, você não é uma pessoa menos fraca por se dar por vencida, (na verdade isso te confere consciência por aceitar e entender tuas fragilidades e limitações, e isso é tudo de que precisamos as vezes pra tentar de novo) você aguenta tanto o fardo dos dias assim como qualquer outra pessoa. Tua fragilidade te torna humana e não apenas defeituosa ou perdedora como você se enxerga ou talvez pense que é. A saudade que sente e todos os lugares onde você enxerga tua perda não te torna dependente. Você é tão forte como eu, (pelo menos como eu acredito que sou depois depois de ler tua crônica) e eu por minha vez, gostaria de ser tão corajosa como você é. Você faz valer o pseudônimo e exprime tua crítica usando a proteção que ele nos proporciona e isso te adiciona inteligência e estratégia, sei que você é destemida e tem um belo senso de justiça, que esse copo não é nada vazio e sim cheio de questões que valem a pena explorar, personalidade e afeto. Escrevi todo o texto conjecturando que você seja uma mulher segundo tuas crônicas, então me perdoe se eu estiver equivocada. Espero ter transmitido um pouco de fé pra que você possa crer no amanhã e entender que você não é o que uma perda fez de você. 

Helena Belmonte