Ps: Dedicado a todos, que assim como Rômulo, são amaldiçoados pelo perfeccionismo.
Tá fora do tom. Uma nota. Um segundo. Um centímetro. Um milésimo. Tá torto. Tá errado. Tá bom. Bom não é o suficiente. Nunca foi e nunca será.
Eu estou condenado a não ver beleza na vida.
Simplesmente não consigo. Meus olhos são maquinas projetadas à encontrar defeitos
e elimina-los.
Perfeito. Tudo tem que estar perfeito. Minhas mãos tem que tocar as teclas brancas do piano com uma maestria jamais vista, superando até o original. Tem que estar perfeito. É assim que foi minha vida toda, uma busca sufocante e constante pela perfeição em tudo que faço. Não posso ser bom, tenho que ser o melhor. Não há nada pior do que ser constantemente pressionado para ser o melhor, exatamente, eu não quero ser o melhor, eu preciso ser o melhor.
Preciso porque meus pulmões se contraem sem ar diante da mediocridade. Ser mediano me consome, me corrói. Sentir que falhei, mesmo que minimamente, me faz beirar o colapso total. Não sei exatamente quando isso começou a ser o meu normal, quando uma falha passou a ser interpretada pelo meu próprio corpo como uma facada bem posicionada do lado esquerdo do peito, mas não consigo lutar contra, é maior que eu. A cobrança excessiva é parte de quem eu sou e, talvez, eu seja isso mesmo, uma reunião caótica de imperfeições, lutando contra sua própria natureza, para serem perfeitas.
-Meu Primeiro Fake