Cecília sempre foi uma criança carinhosa com seus pais. Gostava de abraçar e dar beijos na
bochecha sem nenhuma pretensão. Por isso mesmo, nunca esperara tal reação.
Seu pai havia a chamado na cozinha. Era de noite e sua madrasta estava deitada com as
costas doendo por conta de uma hérnia. A tia Roberta estava bem desanimada naquela época.
-Filha, temos que conversar. Então, você sabe que a tia Roberta tá passando por um
momento difícil, né?
Cecília somente assentiu.
-Então, ela acha que... não tem quando você fica abraçando o papai e dando beijinho?
Cecília somente assentiu.
-A tia Roberta acha que quando você faz isso perto dela é porque você tá com ciúme do
papai e quer mostrar que o papai é só seu.
Cecília achou aquilo muito estranho. Ela nunca sentiu ciúmes do seu pai. Na verdade, estava
bem acostumada com as diversas namoradas que ele teve. Ela não via sentido naquilo.
Aos 10 anos de idade, Cecília não compreendia como as doenças do corpo e da mente
levavam as pessoas a agir louca e desesperadamente. Um dia, ela entenderia, mas, naquele
momento, era só uma criança.
-Então, o papai vai te pedir que não fique de agarramento comigo na frente dela, tá, filha?
Cecília chorava. Tentou explicar que não tinha ciúmes do papai, mas seu pai, mesmo
falando que entendia, manteve o conselho de parar com as demonstrações de carinho.
Cecília foi dormir chateada e acordou enraivecida. Só queria ir para a casa de sua mãe, a sua
casa de verdade. Não deu bom dia e se manteve majoritariamente em silêncio. Seu pai foi
levá-la pra casa e resolveu que seria uma boa ideia retomar o assunto novamente.
-Mas lembra sempre que o papai te ama. Não fala nada pra sua mãe, não, tá?- Ele falou
enquanto esperava, no carro parado na esquina da casa de Cecília, as lágrimas de sua filha
cessarem para que ela pudesse entrar em casa e fingir que nada tinha acontecido.
-Camélia.
Bom uso da pontuação. O uso das falas nos ajuda a "embarcar" na crônica/relato.
ResponderExcluirObs.: Fiquei com raiva do pai kkkk
Ótimo relato, a escrita nos faz sentir como se estivéssemos assistindo a cena.
ResponderExcluirO jeito que você contou foi muito bom, faz com que os leitores "entrem" na história.
ResponderExcluirAdoro o uso das falas... me senti imersa na história e, curiosa para saber como é a relação de cecilia com o pai hoje em dia e do pai com a tia.
ResponderExcluirTexto bem estruturado, que prende o leitor na trama
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