Tudo passa?
Um tempo depois que saiu de casa e alugou um quarto localizado em um bairro
completamente diferente do que cresceu, Lili resolveu analisar a relação de altos e baixos que
tinha com Lena, sua mãe. No início se viu perdida, mas como não estaria? 20 anos e a sua
primeira experiência tomando conta de si mesma, começando a trabalhar em uma empresa
cujo a equipe era formada por mulheres que modéstia parte entram na classificação de
‘’dondocas’’ -a única preocupação que tinham era a foto bonita da família tradicional no
natal. Revisitando marcas do passado, acabou se precipitando e concluindo que talvez a mãe
não gostasse tanto dela assim (quando se tem 20 anos tudo é o fim do mundo), mal sabia que
o ‘’remédio’’ para tudo isso era mesmo o tempo e a distância. Ela não conseguia
compreender os rompantes que aconteciam na família e em como, mesmo sem culpa alguma,
se sentia culpada. Lili cresceu aparentemente forte, mas só aparentava, porque era como a
flor dormideira que quando encosta se encolhe -no caso dela, se você conversasse
profundamente, ela se encolhia e dava pra perceber que ali tinham muitos sentimentos que
precisavam ser colocados para fora. Análise? Sempre soube que precisava desse espaço, mas
não buscou porque acreditou que daria conta - e não deu. Chegando na parte do seu estágio,
o que mais a incomodava era a vida perfeita que as pessoas ao seu redor se preocupavam em
manter para os outros (na real ficava mesmo era de saco cheio de ter que ouvir a vida das
pessoas que moram no Recreio), era um ambiente extremamente competitivo, mas não sobre
o trabalho (nem ligavam pro trabalho) e sim uma corrida para quem tinha a família mais
alinhada e perfeita da empresa. Nas reuniões ela ficava sabendo de tudo, até nos mínimos
detalhes: o que o marido de uma fez de extraordinário em casa ( limpou a cozinha), como o
filho de outra era o primeiro da classe (a criança tinha 4 anos) e por aí vai, muitas histórias
que ela aprendeu a se divertir porque no início caía na noia e se perguntava: ‘’Isso que as
pessoas consideram felicidade? Então acho que nunca serei feliz’’’. Ela tem aquela
competitividade saudável, mas não era uma pessoa competitiva, entendem? Apesar de tudo,
Lili é uma jovem pessoa equilibrada, repetia mentalmente uma frase clichê que se vê por
todo lugar: ‘’tudo passa’’. E passa mesmo, viu?.Às vezes tudo que se precisa é acreditar nos
clichês que inventam sobre a vida.
-Diadorim da Fé.
Amei o texto!!!!!!!
ResponderExcluirótimo texto, faz o leitor também refletir
ResponderExcluir