TCHAIKOVSKY &; LISZT NO CHÁ DA TARDE
Silêncio atordoante.
As mãos do pianista, cortantes e maestras.
O quarto, o homem insone... o piano como uma ponte entre o sonho e tudo o que
é físico. A obsessiva vontade, tola e ingênua, daquele que é incapaz de compreender a
finitude de uma idealização. Toma-lhe as horas, despedaça-as então, com partituras
amareladas, brancas, de um horror quase supremo.
Cisne negro, perfeição sanguinolenta. O que há nesse palco, senão espinhos de
irrealização? Aplaudem sua loucura, seu manicômio de própria imposição. Rômulo
mata Remo e se afoga em seu torpor. Fundação latina de uma Roma feita de sangue.
O protagonista alienado de “Dor Fantasma”, romance o qual permanece como
um estranho homem perdido em minha ignorância, toma as minhas mãos e grita. Há
uma agonia similar àquela presente na Nina de Aronofsky. Martírio dos artistas,
perfeição em um isolamento eterno dentro da insalubridade de sua performance.
Desprazer prazeroso.
Desposa seu piano e ignora sua amante, mulher no papel, mãe de seu filho...,
ora, mas que filho? É, e sempre, apenas, será o progenitor de seu vício.
Na escola, como o broto de uma flor ainda a nascer, tinha em minha frente o
turbulento trabalho de escrever, de forma efetiva, real, pela primeira vez. Não apenas
palavras, sons..., mas um texto. Dei-me à loucura, estive em um estado de pânico
atemorizante, olhei nos olhos de minha professora, amassei o papel e joguei em seu
rosto como um protesto infantil e infame.
Rômulo não joga o papel, não há protesto, a música reina autoritária e o temor
não impera em seus sonhos.
O silêncio é o governador solitário de um terra áspera.
Liszt permanece como uma assombração tortuosa que lhe dita a maldição de seu
futuro. O descanso apenas aparecerá na morte.
Christine Daaé
Gostei do final, no contexto geral não consegui compreender muito bem o texto e as comparações, talvez por ignorância minha.
ResponderExcluirTexto muito criativo e que prende o leitor
ResponderExcluirNão consegui me conectar com o texto, talvez seja uma particularidade minha. A subjetividade, em meu ponto de vista talvez excessiva, faz com que o texto fique lento. A formatação também confunde.
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