Franz era um menino bom. Sonhador, teimoso, amoroso e brincalhão. Na maior parte do tempo gostava de brincar de carrinho, assistir filmes com naves espaciais e deitar no colo da sua mãe até adormecer. Na escola era muito querido pelos colegas, era popular, falante e curioso, até os professores tinham certo carinho por ele.
Ao contrário de seu pai, Franz não prezava pela perfeição, não era melancólico como Rômulo. Gostava de MPB, música pop, dias de sol e tudo (absolutamente tudo) que não envolvesse estar trancado num cômodo. Ele tinha pavor da ideia de ficar sozinho por muito tempo, por isso estava sempre rodeado de amigos.
Franz tinha medo de fechaduras e portas desde que reparou que seu pai passava horas trancado num cômodo sozinho e deixava toda a família para trás. Nessa época ele achava que as culpadas eram a porta, a fechadura e a camada de isolamento acústico do local. Tinha certeza de que se não fosse por isso, seu pai estaria sentado à mesa com ele e sua mãe no jantar. Quando ia dormir nunca fechava a porta, tinha medo de que se fechasse se tornasse igual ao seu pai e não pudesse mais sair.
Quando cresceu descobriu que o problema nunca foi a porta, o isolamento acústico ou a fechadura. Seu pai era daquele jeito mesmo e aparentemente não existia nada de interessante para ele em sua família. Franz começou a reparar que toda oportunidade que o pai tinha de se isolar ou fugir do convívio familiar ele aproveitava. O menino não conseguia lembrar de uma única vez que almoçou e jantou com o pai no mesmo dia, era como se fosse um esforço para ele estar na companhia da mulher e do filho.
Franz não se importava muito, afinal não tem como sentir saudade de algo que nunca teve, e pra dizer a verdade o menino achava o pai enigmático demais, mas era nítido o quanto sua mãe sofria com aquilo.
Franz jurou a si mesmo que caso formasse uma família, seria cem por cento dedicado a ela, jantaria junto com os filhos todos os dias e os ajudaria no dever de casa. Falaria que os ama como nunca teve a oportunidade de escutar, e os amaria como sua mãe lhe amava. E óbvio, levaria sua mãe consigo.
-Apollo Creed
Muito bom o seu texto! A forma que construiu os parágrafos e o relato do medo de Franz por portas e fechaduras foram essenciais para a construção do personagem.
ResponderExcluirÓtimo texto! Você conseguiu traduzir bem o quanto a ausência de Romulo marcou a vida de Franz.
ResponderExcluirAmei o texto, ótimo desenvolvimento do personagem, bela estrutura, parabéns.
ResponderExcluirótimo texto, bem construído e interessante
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