DELÍRIO
Apavora-me o amor.
O romantismo humano decadente, sua crueldade humilhante. Vinicius escreveu
seu soneto de fidelidade, Helena morreu apaixonada..., turbulenta relação de devoção, o
sentimento desproporcional da paixão.
Não há prazer na silhueta de um amor diáfano, um amante como um fantasma,
sem nome e sem rosto, que foge de seus braços. Relação de embaraço em um jantar
entre estranhos enamorados.
Adoração ignominiosa. Deixa-me muda a paixão, eternamente no plano das
ideias. Um sonho de desolação. Sou uma ouvinte fiel do horror dos apaixonados, esses
que gritam e sofrem diante do beijo de Klimt. Contam-me seus relatos, insensatos e
ímpios... amores como um quebra-cabeça de tormentas.
O cineasta Wong Kar-Wai demonstra em seus filmes paixões permeadas pelo
constante sentimento de solidão. O adultério, o desejo, a vontade perpétua de tomar os
braços de um amante como uma fuga de um mundo alienante. O amor envolto pelo
idealismo de uma introversão.
Vigilância de um romance fictício, palavras marcadas pela tinta de sua emoção.
Desolação da donzela diante do horror da ruína moral de um galã boêmio. Romance
imaginado e jamais exposto.
Afrodite dança em sua sala e ela, completamente vil, ri.
Minha mãe e o meu pai ao telefone. Amarga cólera dos divorciados.
Desenvolve-se a peça e os dias correm com pernas lépidas, o relógio de uma
juventude em seu fim. Você tem os olhos de seu pai e a impetuosidade de sua mãe, e
nunca foi capaz de amar.
Amo como delírio febril e minha compreensão é pobre e tola. Eu que nunca
consagrei nada mais que minha obsessão... danço somente em meus sonhos.
Christine Daaé
Querida Christine, seu texto expressa muitos sentimentos e permite várias interpretações, o que pode fazer com que cada leitor o entenda de uma forma. Não consegui compreender se é uma resposta a algum texto da semana passada ou não.
ResponderExcluirAchei bem emocionante seu texto e bem interpretativo também. Só fiquei na dúvida de que seria uma resposta a qual texto.
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