“Meu pai era um homem bom, cheio de bem querer” só se for pros outros. Sempre fui uma
criança exemplar, não dava “trabalho”, estudava, tirava boas notas, cuidava dos meus irmãos,
contava tudo que eu fazia, um belo exemplo de filha perfeita, mas isso nunca foi suficiente
pro meu pai. Ele era uma pessoa maravilhosa para os outros, simpático, um pai de família.
Dentro de casa era totalmente diferente, agredia minha mãe verbalmente, impedia ela de fazer
tudo, um verdadeiro inferno, em que parte as pessoas se perdem no personagem?
Ainda bem que minha mãe conseguiu se livrar dele. Separação. Outro inferno. Divisão de
bens, pensão, guarda, processos intermináveis na justiça, tudo isso veio à tona, minha mãe
que nunca tinha trabalhado, teve que começar pra sustentar os filhos, meu pai não pagava a
pensão combinada, um período muito difícil. E ainda assim para os outros era aquele homem
de respeito.
Até hoje as coisas não melhoraram, a instabilidade paterna é presente até hoje, para os meus
irmãos ele é um pai bom, presente, minha irmã é a preferida, tanto com carinho, cuidado,
atenção, meu irmão que sofre um pouco mais com isso, eu já sou bem resolvida, mas ele é
bom, na medida do possível, para eles. Eu tive que sofrer a maior parte das coisas para que as
crianças não precisassem passar por isso, isso me alivia. Ele é meu pai por conveniência, eu
automaticamente sou filha dele por conveniência, o orgulho do pai para mostrar aos outros de
fora, a desimportância com a minha pessoa dentro.
Instabilidade paterna, desinteresse, era mais fácil ter me deserdado, ou tô errada? Não sei.
Hoje eu trato ele com respeito, converso esporadicamente, não deixa de ser meu pai né,
porém aquele afeto, relação de pai e filha que deveria ter é inexistente. Isso me faz refletir
sobre o futuro, não quero repetir essa situação pq acho que ninguém merece passar por tudo
isso, é difícil e por muitas vezes irreversível, a gente só aprende a lidar e a conviver.
-Silvio Santos.
Amei a referência da primeira frase kk ótimo texto.
ResponderExcluirGostei da estrutura do texto e da pontuação. Sinto muito pela situação.
ResponderExcluirGostei do texto! Acredito que tenha passado despercebida a abreviação "pq" no último parágrafo.
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