Franz, uma criança de oito anos, cresceu em um lar silencioso. Seu pai, Rômulo
Castelo, é um pianista que busca a perfeição em suas interpretações artísticas, mas, por
depositar todas as suas energias em sua paixão e trabalho, acaba desprezando sua
família e alunos. A relação de brincadeiras e amor entre pai e filho, tão essencial no
crescimento de uma criança, é impedida pelas horas em que Rômulo passa em sua sala
de estudos aprimorando suas técnicas no piano e ensaiando uma peça conhecida como
intocável entre muitos pianistas, Rondeau Fantastique, de Franz List.
Os primeiros anos de vida de Franz não foram fáceis. Sua mãe, Marisa, teve que sair do
emprego para que pudesse cuidar do filho em tempo integral e, ao mesmo tempo,
tentava suprir a ausência do pai. “Cadê o papai, mamãe?”, perguntava o menino; “Está
dando aula, Franzinho. Já, já ele chega”, respondia Marisa torcendo para que fosse
verdade.
Marisa é uma mulher solitária, que vive sozinha em um casamento. Nunca compreendia
a distância e ausência de seu marido, tanto na relação do casal quanto na relação com o
filho. Com receio de que suas dúvidas e questionamentos irritassem Rômulo, adaptou
toda sua rotina e de seu filho para que não o atrapalhassem. Organizou seus horários de
trabalho para que pudesse conciliar com as horas de brincadeira, banho e atenção ao
filho no período em que Rômulo não estivesse em casa. Sempre em busca do silêncio.
Assim o menino foi crescendo. Cada vez mais distante do pai, fruto de um casamento
solitário e sempre silencioso. Esse comportamento que tinha em casa acabou refletindo
em suas relações na escola, com seus familiares e nos espaços que frequentava, o que
fez que se tornasse um adolescente solitário, quieto, ansioso e sem muitos amigos.
Depois de muito tempo, Franz começou a entender a dor de sua mãe e a parou de tentar
um relacionamento com o pai, fazendo com que Rômulo se tornasse apenas um
fantasma em sua memória.
- Sargento Santiago
Gostei da temática abordada! Vejo a ideia de seu texto como uma possível "dor fantasma" que cresce com o filho de Rômulo.
ResponderExcluirAmei sua escrita! Texto incrível
ResponderExcluirAchei seu texto maravilhoso, amei a interpretação de trazer a dor fantasma no futuro do filho.
ResponderExcluirAdorei o seu texto, ele trouxe a reflexão do que é um pai ausente. Pois apesar de Franz ter ambos os pais no mesmo teto que o dele, ele sofre com a ausência do pai que pensa somente eu seu trabalho.
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