A dispensa!

Em um refeitório escolar típico de uma escola, o "eu" mais jovem estava ensaiando falas para uma ocasião especial. Naquele dia estava me preparando para um dos momentos mais importantes da história da humanidade, a chegada do homem à lua, a invenção da prensa e a descoberta do fogo não se comparavam com o que iria acontecer em instantes. Era o dia que pediria a Patrícia, minha amada, em namoro.

 Modéstia à parte, eu estava deveras arrumado. Tinha dado um tapa no meu cabelo, meus sapatos brilhavam mais que uma estrela cadente e havia tomado um banho de perfume. Estava preparado para o futuro que o destino havia preparado para nós. Às dez horas o sinal toca, após ouvir aquele som estridente e o refeitório ter inundado de alunos, a minha confiança misteriosamente desapareceu. Passei a suar frio, minhas pernas ficaram bambas, mas naquele momento eu não poderia voltar atrás. Fui direto para a mesa aonde Patrícia estava sentada e perguntei: 

- Você quer namorar comigo? - Perguntei, não tinha sido tão assustador quanto aparentava. Até o momento em que ela abriu a boca:

 - MAS NEM SE ME PAGASSEM!!! - Ela gritou. Naquele momento o silêncio tomou posse do ambiente… por uns cinco segundos, depois disso o refeitório foi tomado pelas gargalhadas infernais do público presente. Primeiro eu fiquei perplexo, depois eu fiquei completamente arrasado. Como ela teve coragem de me dispensar? Pior, me humilhar publicamente sem dó nem piedade!!! Naquela hora eu só queria ser um avestruz e esconder a minha cara em um buraco.

 Depois da rejeição, a minha confiança foi para o limbo. Não consegui estabelecer qualquer tipo de interação com os outros sem ter medo de pagar mico durante anos. E por mais que este problema tenha sido amenizado com o tempo, foi uma experiência marcante para mim. Foi uma experiência ruim? Horrorosa! Porém marcante.

-James Clarkemann.