sexta-feira, 14 de abril de 2023

 Vazio e sem chão, era assim que eu me sentia naquela noite, no momento em que eu

perdi o meu melhor amigo pro câncer.. Eu conhecia o Bruno desde que eu me intendia

por gente e a partir de um certo momento até o fatídico ano de 2018, eu não conseguia

mais imaginar ele sem aquela tala no braço (lugar onde o tumor estava localizado). Ele

lutava contra essa maldição a tanto tempo que de alguma forma eu tinha esperança que

seria curado. Mas no final eu acabei me enganado

 Depois de um tempo o braço dele foi retirado, pois era a única alternativa que

daria expectativa de melhora. Porém, não adiantou muito e por isso ele passou a ficar mais

tempo no hospital com o seu quadro piorando cada vez mais. Eu não esperava, mas

naquele dia os meus pais me chamaram pra fazer uma visita a ele. Não gosto muito do

clima de hospital ou de um enterro e por isso sempre fico receoso pra ir, mas ele era

importante pra mim então cogitar não ir nem passava pela minha cabeça. Chegando ao

hospital, eu encontrei uma amiga que também tinha ido fazer uma visita mas por causa do

momento a gente nem conversou sobre, só nos cumprimentamos mesmo. Eu entrei pra

ver ele e dentro daquele quarto, eu me senti como nunca tinha me sentido antes.

 Era frio, Bruno estava “dormindo” mas a mãe dele disse que ele escutaria tudo o que

eu falasse. Parecia que alguma coisa prendia o meu corpo e me incapacitava de fazer

qualquer coisa, ele estava na minha frente só que eu não conseguia falar nada mesmo com

a minha mãe me incentivando a dizer algo. A gente se despediu da família e até nesse

momento eu não conseguia falar quase nada e no caminho de volta pra casa eu me sentia

mal de um jeito que eu nunca me senti antes, era como se tivesse alguma coisa sobre mim

que eu não sabia explicar. E da mesma forma que eu fiquei estranho o caminho todo, não

poderia ser diferente no momento que chegasse em casa e na mesma hora recebesse a

notícia que Bruno na estava mais entre nós.

 Eu tinha 15 anos e eu nunca tinha perdido ninguém. Na minha cabeça floreada e

sempre positiva isso seria algo que só aconteceria quando as pessoas que eu conhecesse

fossem ficando velhas e não que seria tão cedo assim. Naquele dia eu perdia a única

pessoa que eu conseguia contar qualquer coisa independente do que era, que eu poderia

confiar de olhos fechados e entrava numa saga de não conseguir chamar ninguém de

“melhor amigo” por simples não sentir com alguém o que eu sentia com ele. As vezes eu

me pego pensando se eu realmente fui um bom amigo, ou se eu poderia ter sido melhor

sabe, se eu realmente posso falar que ele era meu melhor amigo. Só que sempre que eu

falo com a família dele eu recebo um carinho que eu nunca espero, inclusive a mãe dele

veio me dar parabéns quando eu passei pra UFF então no fim isso acaba me confortando e

mostrando que talvez eu não deva pensar essas coisas.

-Taylor Swift da Cantareira

2 comentários:

  1. Sinto muito pela sua perda. Espero que os bons momentos que tiveram conforte seu coração.

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  2. Texto impactante, sinto muito pela perda

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