Vazio e sem chão, era assim que eu me sentia naquela noite, no momento em que eu
perdi o meu melhor amigo pro câncer.. Eu conhecia o Bruno desde que eu me intendia
por gente e a partir de um certo momento até o fatídico ano de 2018, eu não conseguia
mais imaginar ele sem aquela tala no braço (lugar onde o tumor estava localizado). Ele
lutava contra essa maldição a tanto tempo que de alguma forma eu tinha esperança que
seria curado. Mas no final eu acabei me enganado
Depois de um tempo o braço dele foi retirado, pois era a única alternativa que
daria expectativa de melhora. Porém, não adiantou muito e por isso ele passou a ficar mais
tempo no hospital com o seu quadro piorando cada vez mais. Eu não esperava, mas
naquele dia os meus pais me chamaram pra fazer uma visita a ele. Não gosto muito do
clima de hospital ou de um enterro e por isso sempre fico receoso pra ir, mas ele era
importante pra mim então cogitar não ir nem passava pela minha cabeça. Chegando ao
hospital, eu encontrei uma amiga que também tinha ido fazer uma visita mas por causa do
momento a gente nem conversou sobre, só nos cumprimentamos mesmo. Eu entrei pra
ver ele e dentro daquele quarto, eu me senti como nunca tinha me sentido antes.
Era frio, Bruno estava “dormindo” mas a mãe dele disse que ele escutaria tudo o que
eu falasse. Parecia que alguma coisa prendia o meu corpo e me incapacitava de fazer
qualquer coisa, ele estava na minha frente só que eu não conseguia falar nada mesmo com
a minha mãe me incentivando a dizer algo. A gente se despediu da família e até nesse
momento eu não conseguia falar quase nada e no caminho de volta pra casa eu me sentia
mal de um jeito que eu nunca me senti antes, era como se tivesse alguma coisa sobre mim
que eu não sabia explicar. E da mesma forma que eu fiquei estranho o caminho todo, não
poderia ser diferente no momento que chegasse em casa e na mesma hora recebesse a
notícia que Bruno na estava mais entre nós.
Eu tinha 15 anos e eu nunca tinha perdido ninguém. Na minha cabeça floreada e
sempre positiva isso seria algo que só aconteceria quando as pessoas que eu conhecesse
fossem ficando velhas e não que seria tão cedo assim. Naquele dia eu perdia a única
pessoa que eu conseguia contar qualquer coisa independente do que era, que eu poderia
confiar de olhos fechados e entrava numa saga de não conseguir chamar ninguém de
“melhor amigo” por simples não sentir com alguém o que eu sentia com ele. As vezes eu
me pego pensando se eu realmente fui um bom amigo, ou se eu poderia ter sido melhor
sabe, se eu realmente posso falar que ele era meu melhor amigo. Só que sempre que eu
falo com a família dele eu recebo um carinho que eu nunca espero, inclusive a mãe dele
veio me dar parabéns quando eu passei pra UFF então no fim isso acaba me confortando e
mostrando que talvez eu não deva pensar essas coisas.
-Taylor Swift da Cantareira
Sinto muito pela sua perda. Espero que os bons momentos que tiveram conforte seu coração.
ResponderExcluirTexto impactante, sinto muito pela perda
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