sexta-feira, 22 de abril de 2022

 A fábrica de ilusões 


O uso das mídias sociais para mostrar detalhes sobre a nossa vida pessoal tem se intensificado nesses últimos anos. Existe um limite entre o real e o virtual, que não vem sendo respeitado, e acaba afetando o jeito de nos relacionarmos com nós mesmos. Foto antes de comer. Selfie naquele lugar instagramável. Story daquele dia estressante, mas rendeu bons cliques. É tudo tão "natural" e automático que às vezes nem percebemos. 

 Tenho muita dificuldade em me relacionar com as pessoas, sou muito tímido. Sempre quando olho as pessoas nas redes sociais me sinto em uma bolha, tudo é tão perfeito, parecendo sempre ser inalcançável, a sensação é que falta algo. Sou o que chamam de low profile. Foge um pouco da minha realidade esse alto padrão de ser. É nesse cenário que começamos a realizar comparações, e nos diminuirmos. As redes sociais tem esse poder, de unir realidades tão diferentes em um só espaço. É bem estranho pensar que a maioria das pessoas acham que conseguem decifrar o seu perfil só de olhar seu feed.

Será que realmente somos aquilo e que compartilhamos no nosso story do Instagram?. Não estou falando fisicamente, até porque se eu quisesse que alguém me visse sem efeito era só vir aqui na minha casa. Estou falando moralmente, é lógico que a nossa personalidade não é tão aparente através de telas de stories, mas o sentimento de superficialidade nesses últimos meses vem sendo muito aparente. Recentemente, todos que tiveram a oportunidade de acompanhar a edição do Big Brother Brasil 2021, a participante Karol Conká foi alvo de ataques e ameaças, tendo seu direito pisoteado, por consequência de suas atitudes no reality. Outra participante do reality, Camila de Lucas, disse no primeiro dia de confinamento, "vamos cancelar o cancelamento", era nítido a preocupação de todos os participantes em não decepcionar o público (grande parte seguidores que eles já tinham conquistado ao longo de suas carreiras). Pessoas que acreditavam no que era postado diariamente por aqueles "ídolos". 
O fato é, esse excesso de exposição do não real leva a escassez do bom senso e da ética, de vivências plurais em um país diverso como o Brasil. 
Por Pedro Bial da Depressão

2 comentários:

  1. Pedro,ainda bem que você está cursando jornalismo. Você escreveu muito bem sobre a felicidade de vitrine e trouxe exemplos pertinentes. Tem uma parte, naquela em que você assume ser low profile, que ficou com um gostinho de quero mais. Fiquei muito curioso para saber quem você é . Quem você é na rede social, você já deixou claro que não costuma postar. Mas fica esse convite, ok? Ansioso pelo seu próximo texto.

    Abraços,
    Liev.

    ResponderExcluir
  2. Pedro, meus parabéns, seu texto é muito bem escrito e descreveu bem sobre esse fenômeno de "Felicidade de vitrine" e sobre os comportamentos do público nas redes sociais. Me identifiquei na parte da timidez e de ser low profile, na minha situação já tiveram pessoas que se espantaram com a forma que me comporto, ou melhor, que não me comporto nas redes sociais, acho que esse é o comportamento "estranho".

    Freddie Mercury

    ResponderExcluir