segunda-feira, 11 de abril de 2022

Aqui vai algo sobre tragédias e acontecimentos ruins: na maior parte das vezes, eles são

dias normais. Você acorda e cumpre sua rotina matinal sem saber o que te espera no final

daquele dia. Não tem aviso divino, intuição que grita ou qualquer coisa do tipo. Você levanta

e acredita que tudo está correndo absolutamente normal até receber uma mensagem de

texto de despedida da sua amiga que diz: prefiro a morte ao continuar suportando o peso do

mundo. Tudo o que vem após isso, se passa em flashes na minha cabeça. Ligo para ela. E

depois, para a mãe dela. Ligo para o meu pai. Vou ao hospital. Assisto uma das minhas

melhores amigas internadas na UTI por overdose de remédio. Choro por sentir demais, por

não estar no lugar certo e na hora certa, pelo sentimento de impotência, deixo fluir tudo

enquanto rezo baixinho.

Depois dessa situação me descobri extremamente insegura, e comecei a ter crises de choro

dia após dia por achar que poderia estar perdendo alguém naquele instante, adoeci em um

medo profundo, mesmo que minha amiga tenha conseguido se recuperar. Há

acontecimentos em nossa vida que nos tornam diferentes do que éramos.

Porém, aqui vai outra coisa que é preciso perceber: a cura também está escondida nos dias

normais. Você levanta para escovar os dentes e tomar o café e não sabe que em algum

momento daquele dia vai sair da terapia, olhar para o céu e sorrir. Vai ver que a vida é uma

montanha russa e agora sou feliz demais por estar no alto.

Por Mrs. Dalloway

12 comentários:

  1. Querida Dalloway,
    Fico feliz por encontrar-se em um momento feliz, a felicidade está em mínimos movimentos!
    Não sinta-se impotente por não poder controlar atitudes de pessoas próximas, prepare-se para lidar com o que elas impactam em você!
    Sua amiga certamente não via “o peso do mundo” em você, seja gentil consigo mesma, o suficiente para permitir-se a liberdade de reconhecer sua absolvição!
    Quanto a sua estrutura textual, sinto falta de uma estrutura mais bem trabalhada e um vocabulário mais rico. Porém, adorei a forma como trabalhou o tema e os caminhos filosóficos escolhidos. Parabéns!
    Agradeço pela oportunidade de compartilhar seus traumas conosco!
    Com carinho,
    Shaolin, o matador de porco

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  2. Mrs. Dalloway, eu consegui perceber que você abordou a vida como um processo. Em um dia, você vai ao ponto mais alto do estresse e da tristeza. E,em outro, você consegue resgatar o seu eu perdido,ressiginifcar a sua dor. E tudo isso em dias normais. Claro, depois de passar por muitas coisas. Mas você resistiu, consegiu ser forte. Parabéns pela superação.

    Por debaixo da máscara aqui, eu consegui sorrir também ao ler o finalzinho do seu texto.

    Muito obrigado por compartilhar conosco o seu trauma.

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  3. Gostei muito da abordagem utilizada. A forma como vc primeiro quebra um dia normal numa tragédia e depois usa o mesmo conceito para falar de reconstrução e cura deixou seu texto bem interessante. É um ótimo texto, parabéns pela escrita!

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  4. Mrs. Dalloway, tudo o que eu queria era a chegada desse dia normal no qual nos vemos livres do que nos machuca. Gostei bastante de como você relacionou os elementos na sua crônica e dissertou sobre eles. Espero que sua amiga esteja bem.

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  5. Mrs. Dalloway, a sua escrita me fez pensar exatamente como eu estava nesses últimos dias. A vida é uma construção diária não-linear, que nos taca para cima e para baixo, como uma montanha russa, com uma frequência que me assusta. Eu te entendo quando você fala em sentir demais, porque a intensidade em que vivemos a nossa rotina, nos faz sentir a mais, ou a menos, os eventos que acontecem a nossa volta. Espero que sua amiga esteja bem, e que a cura esteja te permitindo viver dias ensolarados e com muitos sorrisos.

    Com carinho,
    Bluebird.

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  6. Mrs. Dalloway, sinto muito que tenha vivenciado o medo da perda assim tão de perto. Certos acontecimentos realmente nos tornam diferentes, mas nem sempre isso é ruim, porque podem nos tornar mais fortes. Ótimo texto.
    Com carinho, Aria

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  7. Mrs. Dalloway, sinto muito por você ter passado por esse susto. Imagino o quanto deve ter sido desesperador. Mas, fico feliz em saber que você conseguiu superar o momento ruim e está na sua melhor fase. Nem sempre passamos por fases boas, mas quando estas chegam... Não há nada melhor! Adorei o seu texto, o desfecho foi a melhor parte.

    Com carinho, Elizabeth.

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  8. Mrs. Dalloway, sinto muito pelo trauma que sofreu e agradeço por tê-lo compartilhado conosco. Seu texto me tocou intensamente porque também sei o que é temer pela vida de um amigo querido: o medo de que cada momento seja o último, a preocupação quando não recebemos notícias, a culpa por não estarmos presentes nos momentos mais difíceis…

    Por outro lado, fico feliz em saber que você voltou a sorrir! Concordo com a sua afirmação de que a cura é um processo que se reconhece nos pequenos detalhes.

    É como li uma vez num livro:

    "1.
    Ando pela rua.
    Há um buraco fundo na calçada.
    Eu caio…
    Estou perdido, sem esperança.
    Não é culpa minha.
    Leva uma eternidade para encontrar a saída.

    2.
    Ando pela mesma rua.
    Há um buraco fundo na calçada,
    mas finjo não vê-lo.
    Caio nele de novo.
    Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
    Mas não é culpa minha.
    Ainda assim levo um tempão para sair.

    3.
    Ando pela mesma rua.
    Há um buraco fundo na calçada.
    Vejo que ele ali está.
    Ainda assim caio: é um hábito.
    Meus olhos se abrem.
    Sei onde estou.
    É minha culpa.
    Saio imediatamente.

    4.
    Ando pela mesma rua.
    Há um buraco fundo na calçada.
    Dou a volta.

    5.
    Ando por outra rua."

    - Sogyal Rinpoche

    Que você e sua amiga continuem cuidando uma da outra. Vai ficar tudo bem <3

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  9. Mrs. Dalloway, muito bonito seu texto, mesmo se tratando de um assunto tão pesado e triste, parabéns. As metáforas e a correta seleção de palavras torna a leitura fluida e prazerosa, leria com facilidade mais alguns parágrafos da sua escrita. É aconchegante saber que atualmente você está no alto da montanha russa, mas no meu caso, também traz uma certa ansiedade, com medo de quando eu vou cair. Ansioso para suas próximas produções.

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  10. Querida Dalloway, fico extremamente feliz que sua amiga tenha sobrevivido. Passei por situação semelhante com um amigo próximo e compartilho de sua angústia. A eminência de perder alguém tão querido nos faz repensar todas as nossas atitudes na vida não só referentes a quem amamos mas também a nós mesmos. Saiba que você nunca teve ou teria culpa de coisa alguma, certas coisas estão fora de nosso alcance. No mais, seu texto traz consigo uma empatia enorme e palavras muito bonitas! Permaneça no alto, sempre!

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  11. Querida Dalloway, você não errou quando disse "Há acontecimentos em nossa vida que nos tornam diferentes do que éramos." Como bem retratado no seu texto, a vida é feita de processos, de altos e baixos. Fico feliz em saber que você e sua amiga estão bem agora.

    Com amor, Glória Maria!

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  12. Dalloway, querida, já li seu texto algumas vezes, com o corpo todo arrepiado e lagrimas nos olhos venho te elogiar sobre a forma perfeita que conseguiu expressar seu sentimento através desse texto. Me despertou sentimentos que eu talvez não esteja preparada para lidar, os levarei a terapia, muito obrigada por isso. Beijos, Manu.

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