segunda-feira, 11 de abril de 2022

 MEU CORPO É MEU TRAUMA


Acordei e me olhei na câmera do celular. Feia. 

Levantei e fui me olhar no espelho. Feia.

Escovei os dentes, lavei o rosto, penteei o cabelo e olhei no espelho de novo. Feia.

Coloquei minha roupinha de malhar. Feia. 

Na academia, com certeza, a mais feia. 

   Não aguento mais me sentir assim, olhar pro meu corpo e sentir que nunca está bom, que na verdade está tudo errado. Deveria ser mais magra, mais bem arrumada, mais tudo aquilo que colocaram sobre mim todos esses anos sobre algo que eu deveria ser.

   Não aguento mais querer ser outro alguém, querer me sentir apenas “gostosa”. 

   A muito tempo venho lendo sobre autoaceitação, sobre como todos os corpos são bonitos, e eu juro que tento me convencer de que sou linda, mas não consigo. Sigo sofrendo, lutando, e tentando ser algo que me faça feliz. E mesmo com isso tudo, também tenho medo de chegar lá e continuar me sentindo apenas feia, nunca se sabe.

   Gorda, baleia, olha como você está grande! Eu não aguento mais. 

   Meu corpo é meu trauma, espero um dia conseguir mudar isso. 


- Manu Licore.

Por Manuela Licore

9 comentários:

  1. Querida Manu, saiba que suas palavras cavaram fundo na minha alma. Seu texto transmite a dor de não se reconhecer em si. E você fez isso de maneira preciosa .

    É um processo natural olhar para o exterior e se julgar pela falta ou excesso. Mas não há um único modo de viver, e sim vários. Você tem uma história de luta e resistência, e tudo em você já é importante.

    Seu corpo é a sua casa. Arrume- se como quiser e viva, Manu. Saiba que já passei por esse mesmo processo que você está passando e o que tenho a dizer é que dói e tudo isso requer tempo. Se puder, procure ajuda. Você vai se sentir melhor.

    Um abraço apertado e conte comigo para conversar, Manu.


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  2. Querida Manuela,
    Entendo que o padrão de beleza seja cruel e deixe marcas inimagináveis, já fui vítima de algumas.
    Finalmente após algum tempo, percebi a graça em ser diferente. O igual pode ser monótono, mesmo que mais bem aceito.
    Você pode ser “gostosa” em suas próprias curvas, sejam elas grandes ou foras do ideal. Desconstruir e reprogramar não é fácil, mas não se crucifique por algo que não surgiu em sua mente e sim foi colocado lá.
    Sobre sua estrutura textual, senti falta de uma correção e vocabulário mais rico, além de possíveis jogos de palavras mais bem trabalhados.
    Com carinho,
    Shaolin, o matador de porco

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  3. Manuela, entendo e reconheço seu sentimento, é difícil ver beleza numa sociedade que constantemente cria "defeitos" que não temos, a nossa percepção fica alterada mesmo. Espero que você consiga mudar essa visão distorcida de si mesma, que ao acordar, você consiga repetir que é linda, que merece se sentir linda dentro da sua própria forma de ser. Como disse em um texto anterior, a beleza mora no diferente, pois é a nossa diferença que nos dá identidade. Qual seria a graça de termos milhares de Giseles Bündchen? Em um mundo que todo dia tenta nos forçar a sermos iguais, corajoso é aquele que mostra-se diferente. Tente acolher isso. Ninguém poderá tirar isso de você. Trate-se com carinho, é você que mantém este corpo de pé.

    Com carinho e meus votos sinceros de que você melhore sua percepção,

    Lilith

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  4. Manuela, sinto em te dizer, mas o problema não está no seu corpo, mas na sua mente. Como alguém que sofreu 1 ano com bulimia, eu te garanto que ficar magra não vai te fazer sentir mais bonita. Quando finalmente atingi meus objetivos de perder os significativos quilos, não senti que minha aparência melhorou, mas estava muito pior. Sobre seu texto, fora alguns erros pontuais em gramática, diagramação e paragrafação, você tem potencial para evoluir, e espero que a escrita te ajude a se aceitar da maneira que você é.
    Com afeto, Argus.

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  5. Manu, parabéns pelo seu texto. Gostei de vc ter usado o recurso da repetição para dar ao leitor a persistência incômoda desse pensamento. Foi essencial para q eu pudesse não apenas me ver mas também me sentir no seu lugar.

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  6. Manu, sinto muito que viva atormentada por esse padrão inalcançável tão cruel. Se livre dessas amarras e se ame exatamente como é. Quanto ao texto, acho que pode melhorar sua estrutura textual e recuo dos parágrafos, além de revisar melhor a gramática.
    Com carinho, Aria.

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  7. Manu, consegui sentir o quanto a pressão social pelo corpo "perfeito" te atormenta. Trabalhar a aceitação não é fácil, mas é preciso focar nisso e ao mesmo tempo se cercar daqueles que te compreendem. Muitas pessoas também estão passando por essa angústia, tente buscar grupos de acolhimento e alguma representatividade do meio. Lembre-se: você não está sozinha! Sempre que se sentir confortável, pode escrever sobre suas dores pra gente. Em relação ao texto, gostei bastante da sua escrita, só acho que pode melhorar um pouco a estrutura, os parágrafos e revisar o texto.

    Com carinho, Elizabeth.

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  8. Manu, parabéns por sua coragem de abrir seu coração e expor seu trauma tão profundo. Essa ideia de "corpo ideal" está cada vez mais presente na sociedade contemporânea, deixando inúmeras pessoas com traumas similares ao seu. Em relação à estrutura, achei interessante esse jogo de palavras no começo, sua escrita me deu vontade de ver como serão suas próximas produções. Parabéns pelo texto.

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  9. Manu, a luta pela autoaceitação é algo que deve ser feita de maneira continua e gradual com certeza não é algo fácil e por isso necessita tanto esforço, me identifiquei muito com o seu texto pelo fato tbm de não ter um corpo que seja o "padrão" estipulado pela sociedade.
    Com relação ao texto tenho pequenas críticas a fazer, com relação ao recuo dos parágrafos, e senti falta de um vocabulário mais rico mas fora isso foi um excelente texto.
    É preciso muita coragem para se expor e contar sobre um trauma que atormenta até hj por isso lhe dou os parabéns pelo texto .
    Um abraço de seu amigo chorão 🛹🛹🛹🛹

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