A máscara
Ao abrir meus olhos pela manhã, a rotina monótona de alguém cujo os dias foram pensados milimetricamente tomou meu peito.
Com os olhos fixados no espelho, o único sentimento que me preenchia era a incerteza. Como com tantas certezas, a vida ainda era tão incerta?
Observei minha máscara sobre a bancada descascada, perdida na zona que era o ambiente.
E se naquela manhã eu optasse por não usá-la?
E se naquele fatídico dia eu fosse 100% honesto?
Ainda era capaz de possuir tamanha coragem?
Provavelmente não.
Na última vez que fui tão forte, todos acharam que poderiam me bater. As farpas vieram dos lugares mais inesperados e as facadas de quem meu coração mais amava.
As palavras ainda ecoavam na minha mente anos depois, e eu tinha certeza de que elas nunca iriam embora.
E se minha mente não precisasse pensar no que se é o certo a dizer, mas no que meu coração anseia por dizer?
Eu ainda seria aceito? Ou até mesmo amado?
Poderia alguém amar uma alma honesta em um mundo de mentiras?
Eu nunca saberia.
Quando as memórias sobre como minha verdade nunca seria o suficiente inebriaram minha mente, eu não hesitei.
Estava pronto para viver uma mentira, por mais um dia. Inevitável e mentiroso, assim me considerava.
Mas no final, eles nunca saberiam.
Na incansável tentativa de ser perfeito, meus maiores sonhos foram colocados na gaveta outra vez. Não era a hora de ser eu mesmo.
Meu maior medo era não me conhecer, quando o momento certo chegasse.
Afinal de contas, quando ele seria?
Shaolin, o matador de porco
Por Shaolin, o matador de porco
Tenho uma proposta: graças ao nosso grande professor que pensou nesse método de ensino, nós não sabemos quem você é. Por consequência, você pode se sentir a vontade para expor suas ideias, ser você, sem máscara e sem medo.
ResponderExcluirBuscar aceitação é importante pra muuuita gente, mas você se aceita SEM essa máscara?
Tira esses sonhos da gaveta, essa é a hora de ser VOCÊ!
Seu texto é sensível e preciso em uma questão latente na atualidade: a fruição da identidade. A dúvida quanto a liberdade que possuímos para sermos realmente quem queremos ser é comum a todos. Pois, ao mesmo tempo, em que é estimulado que todos se assumam e sejam quem querem ser, a censura e o cancelamento são usados em demasia.
ResponderExcluirMas, lembre-se das palavras de João Guimãres Rosa: "O que a vida quer da gente é coragem". Se permita viver, Shaolin, o matador de porco.
Querido Shaolin, suas palavras me emocionaram, pois já vivi este dilema, é tão angustiante viver uma vida que não é nossa, pois nos sentimos invisíveis, desconectados de nossa existência. Nos reprimir é algo terrível, admiro sinceramente quem tem a coragem de se expor, de viver a delícia de ser quem é. De abraçar seus defeitos, esquisitices, estranhezas. Lamento que ainda não tenha usufruído de tal liberdade e desejo de coração que consiga viver a sua vida como deseja, como merece. Tente por um dia, ao menos. Só por hoje.
ResponderExcluirDeixo meu abraço sincero e afetuoso,
Lilith
Shao, se me permite chamá-lo assim, obrigado por nos mostrar o lado de dentro dessa máscara. Um conselho pessoal de quem também a usou: as pessoas realmente não ligam pras falsas expressões que você usa diante delas. A maioria precisa que você se enquadra no personagem que é o perfeito coadjuvante para o espetáculo no qual eles são os protagonistas, então meu conselho pra você é: roube os holofotes. Seja o personagem principal da sua vida sem se preocupar com os aplausos da plateia por pelo menos uma vez, e te garanto que você nunca mais vai querer ficar como plano de fundo.
ResponderExcluirCom afeto, Argus.
Shaolin, sinto muito que não tenha liberdade para ser exatamente quem é, acredito que essa seja o tipo de prisão mais angustiante. Sinta-se à vontade para ser você mesmo aqui conosco. Quanto ao texto, sua escrita é muito boa e tocante, mas eu tentaria aprofundar mais seus dilemas para trazer complexidade ao texto.
ResponderExcluirCom amor, Aria.
Shaolin, lamento que você ainda não consiga ser quem é de verdade. É realmente frustrante o quanto a aceitação social limita a nossa identidade. Obrigada por compartilhar um pouco da sua angústia conosco, estaremos sempre aqui para te acolher. Sobre o seu texto, gostei bastante e achei a escrita sensível.
ResponderExcluirCom carinho, Elizabeth.
Shaolin, parabéns pelo seu texto! Ficou difícil não se identificar com uma metáfora tão bem construída de um questionamento tão comum. Gostei bastante da sua escrita e estou ansioso para saber o q mais vc tem a dizer. Como disse nossa colega Dandara: essa é a hora de ser você. Espero q depois q começar, consiga seguir em frente sem a antiga máscara.
ResponderExcluirShaolin, a facilidade que tive de me identificar com seu texto foi tremenda, cada palavra que você escreve parece algum pensamento que já passou pela minha cabeça, e isso só foi possível devido à sua escolha de palavras e à estrutura adotada, parabéns pelo texto. O uso constante de indagações deixou a produção ainda mais próxima do leitor. Que você consiga superar essa máscara e viver como seu "eu verdadeiro".
ResponderExcluirQuerido Shaolin, seu texto é bastante delicado, me senti realmente tocada pelas suas palavras.
ResponderExcluirSeu questionamento: "Poderia alguém amar uma alma honesta em um mundo de mentiras?" me fez virar uma chavinha dentro de mim...
Simplesmente amei o seu texto.
Com carinho, Glória Maria