E se eu te falasse das formigas?
Pegue uma xícara de café, estique o seu corpo, relaxe, embarque nessa viagem. Eu te convido a refletir, te convido a se olhar no espelho e ser completamente sincero: “quem sou eu?!” Afinal, só conseguimos projetar algo, quando sabemos de quais falhas nossos templos particulares são feitos. Eu, por outro lado, te direi quem gostaria de ser, pois já conheço quem sou, mas antes trarei uma fábula dentro de uma crônica. Confuso, eu sei, a vida também é assim.
“Era uma vez uma formiguinha que sonhava com o mundo cor de rosa em seu formigueiro, com colheitas férteis, lasquinhas de doces pelo chão e sem nenhuma chuva. Essa pequena formiguinha idealizava a sua vida perfeita. E a vida perfeita girava em torno de uma única figura: sua mamãe, Dona Formiga. Dona Formiga possuía a saúde frágil, e era a responsável por gerar alegrias e tristezas na formiguinha. Lamentavelmente, ninguém nunca avisara a coitada da Dona Formiga, quão perigoso era estimular uma dependência emocional na formiguinha, mas também pudera, Dona Formiga fora ensinada assim. Infelizmente, a sociedade das Formiguinhas romantizava a relação formiguinha-Formiga Mãe.”
Moral da história: Mães-Formigas não são figuras imaculadas, são passíveis de erros e errarão muito. Formiguinhas não são extensão de Formigas-Mães. Cabe a você, formiguinha, compreender-se como indivíduo e sair do formigueiro em rumo a viver a sua vida.
Perceba como quebrarei o ritmo da sua leitura, é para que você reflita que os seus dias estarão caminhando bem e do nada. Viu, um ponto final fora de hora te confunde, te causa estranheza, interromperam a sua linha de raciocínio, você ficou frustrado. Eu também fiquei. Pudera ter a leveza de uma pluma, mas reconheço que possuo peso e, às vezes, também carrego minhas relações, como as nuvens escuras também pesam dias ensolarados, aquelas nuvens que você até chega a pensar “será que vai chover”. Será que choverei? As relações continuarão ou vão ficando tão pesadas até que não exista ninguém além de mim?!
Fugi brevemente de minha característica muito objetiva, -ainda que concorde que não me alonguei-, para que você veja que claramente idealizo suavidade, no entanto, não a tenho e por isso apresento uma máscara em minha rede. Administro com maestria a pessoa que sou por lá, finjo tão bem que em algumas ocasiões consigo ter fé de que realmente sou aquilo, afinal é a minha projeção. Mesmo que existam bolas invisíveis de ferro em meus pés, eu flutuo. Ninguém pode tocar, somente eu. Quiçá, algum dia me tornar o que eu idealizo a vida poderia ser mais interessante, tudo cinza todo dia é entediante, mas enquanto isso, sigo atuando em meu teatro perfeito.
Com cansaço,
Lilith Lili.
Por Lilith Lili
Lili, acho que nesse texto você apresenta muito do seu passado e das experiências que te moldaram, mas não posso deixar de sentir que você o fez de uma maneira um tanto desconfortável. Suas palavras me fazem sentir que você não estava a vontade teclando as palavras contidas nesse texto, e isso faz com que eu me sinta desconfortável também ao por lê-las. Foi como comer um bolo que não assou completamente. É uma experiência da qual não sei expressar meu posicionamento e opinião, apenas minhas dúvidas. Não sei dizer sobre o que o texto foi, se sobre achar a própria identidade, termos decepções familiares ou sobre máscaras em redes sociais. Sei bem que sua intenção era mostrar a relação que esses três aspectos tiveram em sua vida, mas, como alguém que não conhece sua personalidade, não faz ideia de como é sua família e não imagina como é seu perfil nas redes, fica difícil, pelo menos para mim, ter uma imersão nas suas palavras, por mais que eu entenda plenamente os significados delas. Foi como participar de uma conversa sem ter sido convidado. Espero ansiosamente pra que você possa ter conforto em liberar as travas das suas memórias. Quando você o fizer, tenho certeza que vou cair da cadeira.
ResponderExcluirCom afeto, Argus.
Lilith Lili, essa foi a primeira crônica que li dos temas dessa semana e cada uma das suas palavras me deixaram pensativo, não consegui voltar a ler mais nada por algumas horas. Fiquei, de verdade, tocado pela sua forma de explicar o que te incomoda, me identifico com a confusão -- nem toda confusão é ruim -- de ideias no texto, como se houvesse um desespero para falar o que precisa ser falado. E, realmente, há. Que a formiguinha consiga sair do formigueiro e ser quem é.
ResponderExcluirNico
Lilith, a sua metáfora do formigueiro fisgou a minha atenção. Eu estava na expectativa de que você começasse a dizer quem era e quem não era ,assim, na lata. Achei interessante a maneira como você abordou "o peso" que caracteriza o seu eu no momento. A sua relação com a mãe e a sua vontade de se livrar do que a prende. E como a rede social é um local de fuga desses incômodos. Foi muito bom me perder pelas suas palavras, mas chego a dizer que quebrou a minha linha de raciocínio algumas vezes. Muito obrigado dividir conosco um pouco da sua vida.
ResponderExcluirCom carinho,
Liev