Tristeza não tem fim, Felicidade sim
Quando pediram pra escrever sobre traumas meu primeiro pensamento foi :
Tá, mas qual deles?
Na maioria dos dias eu só penso o quanto eu gostaria de não ser eu e todos os dias antes de dormir eu torço com uma esperança quase que inocente de que amanhã acordarei sendo outra pessoa e que tudo isso não se passou de um sonho.
Por mais que eu me esforce muito pra não pensar nisso eu sempre acabo voltando nesse pensamento.
Quando eu me tornei assim? Sinceramente eu não sei
Porque eu faço isso? Sinceramente eu não sei
Porque eu nunca consigo ser feliz de verdade? sinceramente eu não sei
Porque eu continuo me autosabotando? Sinceramente eu não sei.
Provavelmente uma das minhas lembranças mais dolorosas foi na antevéspera de natal, lembro de absolutamente cada detalhe de um dia que me dedico tanto pra esquecer, estava nublado fazia cerca de 26°, eu estava usando uma blusa branca e um short azul quando eu recebi a notícia de que meu melhor amigo havia falecido. Fiquei baqueado, sem acreditar, e sinceramente até hoje isso ainda soa como uma piada de mau gosto.
Dia 24 de dezembro de 2021 foi seu sepultamento, lembro de pouquíssimas coisas desse dia, na realidade lembro apenas de ter dado um abraço em sua mãe e em sua avó.
O que mais me dói foi o fato de nunca ter conseguido te dar um último abraço e falar que te amava, daria qualquer coisa no mundo para ficar horas novamente em chamada falando sobre todo tipo de coisa aleatória ou de simplesmente ir pra sua casa para fazer nada.
Gostaria de voltar para o passado e me avisar que todos esses bons momentos são passageiros e que deveria os aproveitar o máximo possível, mas na verdade não tem uma maneira de saber que você está "nos
Velhos tempos" até eles irem embora.
Eu sei que estou longe de ser quem eu quero ser e estou longe de ser quem querem que eu seja, sinceramente estou vivendo em limbo de não conseguir ser eu mesmo e ao mesmo tempo não conseguir ser ninguém, tenho medo de julgamentos por conta de sempre ser julgado e na maioria das vezes não faço as coisas por que já não tenho mais energia para discutir ou argumentar.
Amo minha família mas na maioria do tempo gostaria de ter nascido em outra família ou apenas não ter nascido, vivo sempre pensando que eu sou uma decepção para eles e que seria melhor não ter nascido. Juro que eu gostaria de me esforçar de verdade em algo que de fato eu gosto, mas quase sempre esbarro no medo do fracasso, e o sonho virar apenas algo que eu toquei e destruí.
Eu sou suficiente ? Sinceramente eu não sei
Eu sou capaz ? Sinceramente eu não sei
Eu vou conseguir ? Sinceramente eu não sei
Sempre que eu entro no quarto da minha mãe e escuto meu nome em meio a uma oração me dá uma enorme tristeza, porque eu sei que nunca vou ser o que ela espera que eu seja e vejo o quão triste ela ficaria caso eu fracassasse.
Nunca tive um trauma de infância que desencadease todos esses pensamentos e essa falta de confiança em mim mesmo que eu tenho.
Obviamente gostaria de ser feliz mas a felicidade é algo passageiro e difícil de alcançar porém pelo outro lado a tristeza é algo fácil e extremamente difícil de abandonar.
" Tristeza não tem fim, felicidade sim " .
Medo é provavelmente a palavra que mais me vem a mente quando faço um retrato para ver de como está minha vida, o medo do fracasso, o medo das pessoas, o medo de relacionamentos.
E entrando no tema de relacionamentos tenho quase 20 anos e nunca estive em um que realmente fosse sério, o último foi a 3 anos atrás, estava no ensino médio na então melhor época da minha vida, tinha uma vida social ativa, tinha amigos, namorada e pela primeira vez e provavelmente única na vida um real motivo para tentar e me arriscar, me sentia feliz e imparável na maioria dos dias. E hoje eu comparo minha vida passada com a atual e vejo o tanto que eu regredi. Sinceramente não lembro o motivo para parar de confiar nas pessoas e nem sei se realmente teve um, as coisas simplesmente aconteceram.
Sempre que ouvia de alguém mais velho que a infância/ adolescência é a melhor fase da vida eu não dava muita bola, falava que quando tivesse 18 ia morar em um apartamento com os amigos e ficar rico simplesmente do nada, hoje eu olho para trás sempre em um tom absurdo de nostalgia e saudades dessa época, a única época da vida em que você não tem nenhuma responsabilidade e parece que o mundo inteiro pode ser seu. Hoje vendo com mais maturidade vejo o quão inocentes e absurdos esses pensamentos eram. Mas ainda me falta muita maturidade para superar o fato de que esse tempo nunca mais irá voltar, mas se tem algo que eu gostaria de ter novamente dessa época lúdica era ambição e os sonhos, faz muito tempo que eu não tenho nenhum desses dois.
Eu ainda tenho a esperança e fé de que tudo mudará e de que vou voltar a estar bem novamente. Mas por enquanto tenho aguentar essa tristeza e melancolia que não sai de mim, não sai de mim, não sai.
Atenciosamente chorão o rei do skate
Por Chorão, o Rei do Skate
Querido Chorão,
ResponderExcluirGostaria de dizer que em meu pior momento, entendi que precisava ser forte. Se você ainda não vivência um bom momento, não permita que esse seja o fim.
Se tamanha melancolia o invade, encontre no seu redor pequenos raios de sol. Até que você esteja pronto para ser seu próprio raio de sol, mesmo com todos os medos, incertezas e fracassos. Quem disse que errar é fracassar? Errar é aprender!
Me senti muito tocado pela sua mensagem, porém senti falta de uma estrutura mais bem trabalhada e um texto mais revisado.
Obrigado por me permitir a experiência de adentrar em seus traumas!
Com carinho,
Shaolin, o matador de porco
Chorão, sinta-se acolhido neste espaço, gostaria de dizer-lhe: és tão jovem. Somos tão jovens. Acalme-se, respire fundo, não considere seus receios como fúteis ou rasos, todos nós estamos perdidos neste mundo, e alguns de nós podem encontrar-se na mesma fase em que você está. Não está sozinho. Não se prenda aos ciclos, pelo contrário, abrace-os, mas tendo consciência de que passarão e outros virão. Novas histórias, novos amigos, novas namoradas, tudo novo. Caberá a você permitir-se viver ou não, espero que o seu tempo de angústia seja breve!
ResponderExcluirDeixo meu abraço afetuoso,
Lilith
Querido Chorão, seu texto me tocou muito pois as reflexões que você fez eu me faço todos os dias, esse sentimento nostálgico e doloroso de saber que esse tempo do Ensino médio nunca vai voltar machuca muito. O sentimento de perda também é angustiante, ainda mais sendo um caso repentino. Mesmo não sabendo quem você é, sinto que somos parecidos por essas situações parecidas que vivemos. Espero que tudo fique bem.
ResponderExcluirFreddie Mercury
Chorão, não posso pôr em palavras o sentimento que apertou meu coração ao ler o seu relato. Você nos levou numa viagem ao redor da sua vida, e ao ler suas palavras, era quase possível ouvir sua voz e ver a dor em seu olhar. A perda de quem amamos é algo que nos marca pra sempre, principalmente quando vem sem aviso. Não estamos preparados, simplesmente somos roubados daquilo que amamos sem consideração, e infelizmente, é pra nunca mais termos tal coisa em nossas mãos. Quanto ao seu futuro, não tem maneira certa de começar a pensar nele. Tenho certeza que sua mãe, na fé que possui, com certeza deseja nada mais do que sua felicidade, e eu estou certo que você deseja o mesmo pra ela. Saiba que ela não espera que você ganhe rios de dinheiro ou apareça nas notícias (por mais que ela fosse se orgulhar disso). Sua mãe é dotada do dom mais sincero que existe: o único desejo e sonho que ela tem, não são para ela mesma. Talvez isso seja uma boa dica pra você começar a pensar. Nunca duvide que você é bom o suficiente, porque pra pessoas como sua amada mãe, você é mais do que o bastante! A única tristeza que você poderia deixar a ela, é a tristeza de ver o filho desistir de ser feliz. Não desista disso jamais, não é o que seu amigo iria querer pra você.
ResponderExcluirCom afeto, Argus.
Chorão, parabéns pelo seu texto! Bem escrito, envolvente e emocionante. Gostei muito do seu jeito de escrever.
ResponderExcluirChorão, sinto muito que viva atormentado por esses dilemas e espero que se encontre verdadeiramente a ponto de sentir que encontrou seu propósito. Espero que tenha orgulho de si e aproveite sua própria companhia, porque isso vale mais que tudo. Quanto ao texto, acredito que possa melhorar sua estrutura textual e formalizar um pouco o vocabulário usado.
ResponderExcluirCom carinho, Aria
Querido Chorão, sinto muito por sua perda tão recente e obrigada por se abrir com a gente. Imagino como deve ter sido difícil pra você escrever esse texto. Você está passando por uma fase conturbada agora, mas não desista de se encontrar nesse processo. Pode levar tempo, mas as coisas vão se encaixar novamente. Também fico nostálgica quando lembro da minha fase adolescente, tão ingênua e sem preocupações com a vida. Todos passamos por isso e acredito que o medo do amanhã seja comum. Afinal, o amanhã é incerto para todos nós. Sobre o seu texto, senti falta de uma estrutura textual mais elaborada e de um vocabulário mais formal.
ResponderExcluirCom carinho, Elizabeth.
Chorão, adorei o seu texto. Cara, as suas dúvidas são também as minhas. Sinto muito pela sua perda, onde seu amigo estiver, ele estará olhando para você e sentindo orgulho por você estar lutando a cada dia. Permita-se se sentir confuso, porque nada funciona com tantas certezas. Você me fez lembrar da música Vienna do Billy Joel. Vá com calma, não tenha pressa para viver o que está esperando por você, porque a sua Vienna espera por você.
ResponderExcluirAbraços
Chorão, o fato de você ter conseguido me prender em seu texto, com assuntos e indagações tão pesadas, profundas e reais me impressiona. Me identifiquei em diversas partes do seu texto, sua escolha de palavras, mesmo com temas tão pesados, vai deixando o leitor curioso para saber o que mais você tem pra dizer. Essas reflexões trazidas em seu texto, vejo elas no meu cotidiano também, me prendendo mais ainda à sua produção. Parabéns pela coragem de expor esse trauma e parabéns pelo seu texto.
ResponderExcluirQuerido Chorão, você me emocionou muito com seu texto.
ResponderExcluirVocê não errou quando disse: "não tem uma maneira de saber que você está "nos Velhos tempos" até eles irem embora."
Seu texto é perfeito, sua escrita é muito envolvente, retilínea e uniforme.
Ansiosa pelos próximos textos!
Com carinho, Glória Maria!