SEM MARGEM PARA ERROS

Já perdi a conta de quantas vezes fui taxado como incapaz e irresponsável pelos meus pais, simplesmente por não cumprir o que eles confiaram a mim. O último desafio foi o vestibular, anos de investimento nos meus estudos que eu precisava mostrar que não foram em vão, a falha não era uma opção. Mas eu falhei e foi um dos piores momentos da minha vida, porque me ensinaram que o fracasso e o sucesso são opostos, quando na verdade eles fazem parte do mesmo processo. Enquanto eu não percebia isso, a decepção e os olhares de reprovação tomaram conta de mim. Minha única missão era ser melhor que os meus pais, já que eles não tiveram as mesmas oportunidades que eu.

Foi muito difícil me reerguer depois de uma queda tão frustrante, mas consegui. Agora o trauma do fracasso entrou na minha mente com outra luta: preciso mostrar meu valor, mostrar que eu realmente mereço estar no meio de tantas pessoas talentosas. E se eu for o pior de todos? E se eu não me destacar de maneira nenhuma? Quando fazemos algo que nos dá prazer, normalmente até parece fácil, mas só isso não basta, tenho que ter aquele algo a mais, o problema é que eu não sei se sou capaz de desenvolver isso em mim, essa dúvida já se estabeleceu no meu inconsciente. Fracassei tanto, que tenho mais medo que confiança, sempre penso na pior das hipóteses antes de pensar que eu poderia ter sucesso. Quanto mais reflito, menor é minha autoconfiança. O que me resta é viver com esse turbilhão de pensamentos, tenho que arriscar e, consequentemente, errar e acertar. É assim que vai ser, pena que é mais fácil falar do que fazer.

Com bastante preocupação,

Canoa Furada

Por Canoa Furada