sexta-feira, 19 de maio de 2023

Angústias de 16 de maio


 Sinto o peso dos olhares alheios em cima dos meus ombros, mais um que tenho que carregar em minha trajetória. Caminho pelas ruas de Niterói completamente desesperada, com o meu coração pedindo socorro e meus pulmões pedindo descanso. Meu aluguel está atrasado faz dois meses, porém não tenho condições de pagar, tampouco condições de arrumar um trabalho digno pois o meu câncer me impossibilita de fazer qualquer atividade mais pesada, a realidade é que eu sequer deveria estar perambulando pelos cantos, mas se eu  não andar, não sobreviverei.

 Chego próximo à Estação Cantareira, rumo ao Campus do Gragoatá, para persistir na busca diária por ajuda. Vejo rostos jovens, sorridentes, olhares de quem tem belos planos para o futuro e lembro da minha juventude, de quando a Carolina era uma menina sonhadora e despreocupada com as mazelas do mundo. Finalmente tomo coragem e entro no Campus, passo de prédio em prédio, de porta em porta, implorando por esmolas. Em algumas salas pude falar sobre meu sofrimento, já em outras nem me deram a palavra.

 Próximo  das 17 horas entro no Bloco A, subo para o quinto andar com extrema dificuldade pois o restante da energia que eu tinha estava sendo drenada. Mas eu não poderia desistir, afinal estou lutando pela minha vida, mas será que eu deveria passar por tanto sofrimento? Por que Deus ainda permite que eu sobreviva por tanto tempo? Não seria melhor ele dar um fim à minha vida de uma vez? Me questionava enquanto permanecia em frente à uma das salas, aguardando uma oportunidade de falar sobre as minhas angústias.


-James Clarkemann

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