Não somos nós, não são os nossos personagens, não é no nosso cenário, por que então, dar voz a uma narrativa que não nos pertence?
Diante de
todas as possibilidades que nos foram permitidas pra contar a mesma história, o
que mais me deixou reflexiva foi ter percebido como é muito fácil pra nós,
ignorar as histórias que não são nossas... Afinal, é desconexo colocar um
capítulo de Stephan King em um livro de contos de fadas.
É muito
fácil tratar histórias como a de dona Carolina como casos a parte de nossa
realidade, quando na verdade, ela é tudo de mais real que há no mundo. Vivemos
dentro de nossos próprios mundos cheios de privilégios e não percebemos que na
verdade somos nós que vivemos em um filme de ficção. Os verdadeiros “baseados
em fatos reais” são os que contam histórias como a de Dona Caroline.
Pra ser
honesta, acho que falar sobre dona Carolina só nos parece “desconfortável” e
“insensível” porque estamos muitos acostumados a fechar os olhos pra realidade.
Podemos estar
certos de que o filme de terror que assistimos não nos assustou, mas se os
créditos constarem: “baseado em fatos reais”, o filme que antes não havia nos
afetado, passa a ser: dormir com a luz acesa só pra garantir.
Todos nos
empunhamos o mantra: “viva todos os dias como se fossem o último”, mas só
começamos a aplica-lo quando ligamos a TV e vemos o jornal anunciar uma grande
tragédia com milhares de vítimas.
Não vemos
necessidade de dizer “eu te amo” pros nossos pais todos os dias, mas sentimos
uma necessidade desesperada de faze-lo quando algo ameaça nossa vida e sentimos
que aquela seria nossa última oportunidade.
Fiquei pensando que Dona
Caroline ter entrado na nossa sala, justamente nessa aula que nos faria
escrever e refletir sobre ela, foi mais um desses lembretes da vida, que nos
fazem acordar pra vida real. Não acho justo só tampar os olhos nas cenas que
nos assustam, no filme da vida.
As vezes,
tudo que aquele personagem deixado de lado pela própria produtora precisa, é
ser inserido em um novo filme.
-Meu Primeiro Fake
Tendo a concordar com você quando diz que o desconforto ao comentar assuntos sensíveis se deve ao péssimo costume que temos de nos fechar em nosso próprio mundo e ignorar a realidade constantemente.
ResponderExcluirMuito bom o texto. Adorei as metáforas que você utilizou
ResponderExcluirÓtimo texto e ótimas alusões, concordo com você sobre sua visão do mundo.
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