Carolina, uma mulher de estatura mediana, que usa roupas simples e um lenço na
cabeça, tem câncer. Minha avó também teve câncer. Mas esse texto não é somente sobre
a minha avó ou Carolina, é sobre a vida, o tempo e o câncer.
Não sabemos muito sobre Carolina além de que está passando por dificuldades para
pagar seu aluguel e que tem câncer, do qual não sabemos muito também, apenas que é
na cabeça. Mas sobre essa doença na minha avó, eu sei muito. Não era na cabeça, era no
intestino. Quando descobrimos, era tarde demais, já estava em metástase. Infelizmente,
a minha família e a da Carolina não serão as últimas a serem afetadas por essa doença.
Uma pesquisa do Instituto Nacional do Câncer realizada no ano passado revelou que são
esperados 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano de 2023 a 2025.
São em momentos como esse de fraqueza, medo e vulnerabilidade que refletimos sobre
como vivemos e se vivemos bem. E é aí que vemos que talvez pudéssemos ter vivido
melhor, que talvez pudéssemos ter sido mais gentis, carinhosos, tido uma vida mais
saudável, visto mais filmes e séries, lido mais livros e nos estressado menos. Acontece
que com nossas rotinas, a correria do dia e a vida acontecendo, não temos cronos
(tempo) para pensar nessas pequenas coisas. Mas, afinal, não são dos detalhes que a
vida é feita?
Não temos controle do tempo e nunca teremos. O que podemos fazer é observar nossas
ações e tentar sermos mais gentis, leves e compreensivos. Principalmente nós como
futuros jornalistas, seja dando uma informação a alguém na rua até lendo um recado
curto e direto de alguém que entrou na sua sala para pedir ajuda.
Espero que consigamos dar voz às pessoas e cumprir nosso papel social, independente
da área jornalística. Também espero, de verdade, que a Carolina consiga pagar seu
aluguel e ter êxito no seu tratamento contra o câncer, que torne o título dessa crônica,
“doença incurável”, sem sentido para a história dela e, quem sabe, volte a viver da
melhor forma todo tempo que ainda tiver.
- Sargento Santiago
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