Não me reconheço como um indivíduo de grandes ambições. Também não alcanço meu âmago tão profundamente ao ponto de reconhecer meus desejos mais intrínsecos. Sei que possuo quereres simples; um doce, um belo par de brincos, um cristal brilhante da vendinha esotérica. Coisas simples e materialistas que não me fazem questionar muito o que me fez desejá-los tanto.
No entanto, também possuo desejos para a vida e costumo resumi-los a expectativas. Minhas expectativas em ser a melhor versão de mim mesma. Aquela versão com a vida dos meus sonhos, emprego, família, amigos, tudo conforme um comercial de margarina. Mas então não poderei afirmar que são expectativas ou desejos realmente meus e sim o que sempre me foi apresentado como a imagem de felicidade e orgulho. Posso culpar o sistema capitalista por isso? Acho que sim...
Há aqueles desejos vindos da saudade do que perdi. O profundo desejo de reviver o passado, momentos de conforto e alegria, mas que sempre sinto não ter aproveitado o suficiente. E novamente aquela onda de expectativas se inicia — como um ouroboros, a cabeça mordendo a cauda num ciclo eterno e sem fim — onde me encontro desejando que aqueles bons momentos se repitam em meu futuro.
E há o meu medo de quebrar a cara. Desejar demais às vezes faz isso com você. Esperar demais do destino pode fazê-lo te dar uma rasteira apenas porque querer não é poder. Então eu prefiro brincar com a esperança e deixar meus desejos mais profundos guardados em uma pequena caixa no meu subconsciente, até que eu tenha coragem de descobri-los.
— Santa do Nemeton
Adorei! Ótimo uso das palavras e pontuações.
ResponderExcluirAchei seu texto muito bem estruturado. Gostei muito!
ResponderExcluirGostei do texto! Boa estrutura e escolha de palavras.
ResponderExcluirVocê escreve muito bem. Pelo que eu entendi seus desejos são múltiplos. Muito bom!
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