Não consigo julgar, desconfiar ou temer dona Caroline. Meu coração não
permite. Sinto uma dor imensa quando vejo alguém passando por situações similares à
da senhora. Me enxergo no lugar dela, penso o que seria de mim se eu não possuísse o
luxo que possuo hoje e se sequer seguiria em frente. Eu não teria coragem de estar onde
Caroline estava. Apesar de cursar jornalismo e me enxergar no meio jornalístico, não
cabe a mim, como ser humano checar a veracidade nas falas dela.
Porém, cabe a mim sentir compaixão. A luta contra o câncer não é simples e está
presente no dia a dia de muitas famílias, inclusive na minha. Lutei ao lado de minha avó
contra um tumor no pulmão e sei o quão árduo é o cotidiano de um paciente. Passo mal
apenas imaginando como seria se fosse minha avó no lugar de Caroline.
Mas não me sinto bem por não estar no lugar dela ou por ser uma desconhecida
passando por isso. Me sinto péssima. Quando Caroline entrou na sala, eu senti a dor que
mencionei no início do texto. Essa dor não veio a mim exatamente pela empatia que
senti, mas sim porque me senti incapaz. Sou incapaz de ajudar uma senhora que está
passando pelo mesmo que minha avó passou e não posso fazer nada a respeito. Não
posso olhar para ela e dizer “Está tudo bem, Carol. Eu vou lhe ajudar”. O meu coração
ardia e meus olhos tremiam a cada suspiro que Caroline dava. E eu não podia fazer
nada. Eu não posso e não fiz nada.
Tudo que posso fazer é torcer pelo bem dela. Eu não sou uma guria muito
religiosa, mas as vezes me rendo ao poder da crença para contribuir minimamente. Sinto
muito, Carol, por não poder lhe ajudar, mas saiba que eu acredito na sua força e na sua
resistência, e que tudo acabará bem.
- Flash Casanova
Gostei da forma como você abordou o sentimento horrível de ver alguém em uma situação vulnerável e não conseguir fazer nada para ajudar, é realmente algo que faz a gente se sentir péssimo.
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