Frágil, sensível, vulnerável. Confesso que aquela primeira imagem me deixou ligeiramente
impactado. Vieram, então, uma série de sensações e reflexões – algo absolutamente compreensível,
até porque não é todo dia que dedicamos o nosso tempo para ouvir uma senhora carente, que passa
pelo tratamento de câncer e necessita de ajuda para pagar o aluguel.
Aliás, acho que vou começar por esse ponto: a rotina nos torna insensíveis? Por que a
mulher que berra por cinquenta centavos todos os dias no terminal rodoviário não faz com que eu
libere uma gota de compaixão? A verdade é que é parte da rotina ignorar essa pessoas que precisam
de ajuda. Parece que a gente vive numa correria tão grande que esquece que essa gente também é
gente.
Gente.
Talvez um dos motivos de eu ter ficado tão sentido com a história de D. Caroline é o fato de
que alguém que amo demasiadamente passou pelo processo da doença (não vou me prender à
questão de que essa pessoa querida teve acesso a um bom tratamento, ainda que na rede pública, e
hoje está curada e bem). Uma coisa que me despertou certa atenção no caso da senhora foi a dúvida
de onde estaria sua base de apoio. No cenário vivido por essa pessoa próxima a mim, a base de
apoio foi um dos aspectos principais – ela esteve sempre rodeada dos filhos, familiares e colegas de
trabalho, todos transmitindo o melhor tipo de sentimento para sua recuperação. Sempre esteve
rodeada de gente. Será D. Caroline tem uma família para lhe dar suporte? Ou será que vive sozinha
numa casa que mal tem condição de pagar?
No mais, não vou entrar na discussão de se o pedido da senhora é verdade ou não – embora
eu acredite que sim. Embora possa aparentar ingenuidade, prefiro sempre presumir a honestidade
das pessoas. O que me resta dizer sobre toda essa situação é que gente é pra brilhar, não pra morrer
de fome.
Suco de Soja
Suco de soja, prefiro dizer que a rotina nos torna letárgicos. Então quando uma mulher entra na sala de sua aula da universidade para pedir ajuda, por não ser algo rotineiro, desperta mais comoção e empatia em nós- embora todos sejam merecedores de atenção.
ResponderExcluirGostei de como estruturou seu texto.