sexta-feira, 19 de maio de 2023

Espelho da vida.

 Frágil, sensível, vulnerável. Confesso que aquela primeira imagem me deixou ligeiramente

impactado. Vieram, então, uma série de sensações e reflexões – algo absolutamente compreensível,

até porque não é todo dia que dedicamos o nosso tempo para ouvir uma senhora carente, que passa

pelo tratamento de câncer e necessita de ajuda para pagar o aluguel.

Aliás, acho que vou começar por esse ponto: a rotina nos torna insensíveis? Por que a

mulher que berra por cinquenta centavos todos os dias no terminal rodoviário não faz com que eu

libere uma gota de compaixão? A verdade é que é parte da rotina ignorar essa pessoas que precisam

de ajuda. Parece que a gente vive numa correria tão grande que esquece que essa gente também é

gente.

Gente.

Talvez um dos motivos de eu ter ficado tão sentido com a história de D. Caroline é o fato de

que alguém que amo demasiadamente passou pelo processo da doença (não vou me prender à

questão de que essa pessoa querida teve acesso a um bom tratamento, ainda que na rede pública, e

hoje está curada e bem). Uma coisa que me despertou certa atenção no caso da senhora foi a dúvida

de onde estaria sua base de apoio. No cenário vivido por essa pessoa próxima a mim, a base de

apoio foi um dos aspectos principais – ela esteve sempre rodeada dos filhos, familiares e colegas de

trabalho, todos transmitindo o melhor tipo de sentimento para sua recuperação. Sempre esteve

rodeada de gente. Será D. Caroline tem uma família para lhe dar suporte? Ou será que vive sozinha

numa casa que mal tem condição de pagar?

No mais, não vou entrar na discussão de se o pedido da senhora é verdade ou não – embora

eu acredite que sim. Embora possa aparentar ingenuidade, prefiro sempre presumir a honestidade

das pessoas. O que me resta dizer sobre toda essa situação é que gente é pra brilhar, não pra morrer

de fome.


Suco de Soja

Um comentário:

  1. Suco de soja, prefiro dizer que a rotina nos torna letárgicos. Então quando uma mulher entra na sala de sua aula da universidade para pedir ajuda, por não ser algo rotineiro, desperta mais comoção e empatia em nós- embora todos sejam merecedores de atenção.
    Gostei de como estruturou seu texto.

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