Demarcação, eu pedi.
Com licença, dêem-me, por favor, o direito de ter o território que descobri.
Engraçado, nada me deram e nada me darão. Por quê não? Ora, tudo já lhes dei. Nesse país cheguei, povoei, me criei mas, ao contrário dos que hoje por aqui tem vez, não explorei. Na floresta, açaí, guaraná, bacuri, piquiá, cupuaçu, angá e até a catuaba encontrei. Ah, tomou banho hoje? Pois é, também isso para sua cultura trouxe.
Agora a ti, licença, piedade, por favor, bondade sou obrigado a pedir. Para meu território? Tenho que lutar! Mas avalie bem, não seria obrigação do Estado, do plenário, de você, reconhecer o meu lugar? A questão vai muito além, o foco principal, infelizmente, do meu lado não advêm: a resposta, a violência, nossos direitos à desdém.
"Corre! Chamaram a Tropa de Choque”. Gritaria, fumaça, crianças, mulheres, idosos e jovens, e, em meio a tanta confusão, o vermelho de guerra é demarcado com nossos sangues no chão. Não quero pagar na mesma moeda, mas a vida de quem bate de frente com o sistema, já tem autodefesa como regra. Revidamos honrando a história e tradição, olhos atentos, coragem, arco e flecha em mãos. Encurralados, viramos minoria em meio a maliciosa arquitetura de Brasília. Mas calma, tudo bem, lembro de ver meu povo sendo maltratado, invisibilizado, exterminado desde que me entendo por gente, não seria agora a ocorrer de forma diferente.
Amora Flor
Fiquei confusa no diálogo de início por não haver uma separaçao de falas.
ResponderExcluirAcabei não me preocupando em separar as falas já que as mesmas eram pensamentos de uma só pessoa, não um diálogo com emissor e receptor distintos. Agradeço a crítica construtiva!
ExcluirGostei da oralidade e do título. Mas sugeriria a separação das falas.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirObrigada por contribuir para melhora das minhas técnicas de escrita e também pelo elogio! Expliquei melhor o porquê dessa falha na resposta do comentário anterior.
ExcluirNão considero uma falha não ter separado as falas. Percebi que era uma continuidade de pensamentos de uma só pessoa, e para mim fluiu bem. O que chamo atenção mesmo é para dois pontos: o título, que pode parecer clichê, mas que se encaixa tanto com o texto quanto com a situação atual, e o trecho "viramos minoria em meio a maliciosa arquitetura de Brasília", discreto dentro do texto, mas não por isso menos interessante.
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