sexta-feira, 28 de abril de 2017

Era o Fim

Eles estavam armados. Flechas. Caixões de papel. Tintas pelo corpo. Lutavam por mais terras. Quem iria vencê-los?
Conseguiram! Agora essa terra será deles.
Fim das obras. Estavam destruindo tudo.
“Vamos eliminar o governo e esse povo para desenvolver a sociedade. A nossa sociedade” diziam eles.
Fim da língua portuguesa. Preferem o plural das tribos com suas línguas variadas.
Despiram seus corpos e de todos que se aproximaram. Fogo em tudo. Tornou-se vergonhoso possuir trajes. Intimidaram.
Tinha gente, bicho, ervas, madeira e penas. Eles atacaram. Agora não tinha jeito.
Aquele povo não tinha opção de não aderir.
Na verdade, dois caminhos: obedecer ou morrer.
Tragédia. Onde estava a humanidade?
Nenhuma associação que tentasse ajudar era o bastante para proteger o povo daqueles bárbaros. Nunca aceitavam, senão atrapalharia seus projetos nas terras.
Era o fim. Fim das estradas, das escolas, dos prédios, das igrejas.
Queriam o progresso. Plantar e pescar para subsistência.
Culto à natureza. Vê se pode?
Ao longo dos anos ganharam espaço, 500 para ser preciso.
Mandaram embora os que sobraram, para alguma terra em que aceitassem suas tolices inúteis.
Então acordaram, sufocados por gases, cimento e asfalto, se afogando com a mata nas águas das usinas, vestidos de escravidão e sangue dos que se foram tentando se proteger do desenvolvimento do mundo.


Ízis Duarte

Um comentário:

  1. - Você... ?
    - Acho que entendi.
    - Nem metade do que eu gostaria, mas é o dobro do que esperava. Diga, Mecânico.
    - Um... Palapelo?
    - Paralelo.
    - Isso. Paralelo. Entendi certo?
    - O que tem que se perguntar é, é um bom texto se suscitou essa dúvida?

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