Era uma tarde cinzenta de terça-feira, Ana estava vendo TV ao lado de sua avó que terminava de fazer algumas costuras, bem como todas as tardes da semana.
– Ana, põe no 7 que já deve ter começado o jornal – disse sua vó.
A menina, aborrecida por ter que trocar o seu desenho pelas notícias, obedeceu.
Havia pessoas correndo, muita fumaça e até mesmo um homem ferido. O que a repórter dizia, fez Ana se questionar:
– Vó, o que é bomba de gás lacrimogênio? E spray de pimenta? Por que a policia está machucando essas pessoas? – disse a criança assustada com as imagens na tela.
– Essas pessoas são os índios, querida.
– Ah, os índios são aqueles que já estavam aqui antes de descobrirem o Brasil, né, vó?
– Isso mesmo.
– Mas por que eles estão correndo? O que eles fizeram de errado?
– Eles não fizeram nada, querida. Estão ai apenas lutando por seus direitos.
– Mas que direitos?
– Eles querem as suas terras, querem ter voz. E pra isso, eles precisam protestar, porque o governo não se importa com eles.
Assim, a menina continuou a ouvir a repórter falar sobre confronto com a polícia, flechas e balas deborracha. Mesmo sem entender, assistiu a reportagem até o final, foi para o seu quarto e pensou em tudo que tinha visto e o que a sua vó havia dito. Voltou para a sala e disse:
– Vó, me pergunta o que eu vou fazer quando crescer.
– Ué, não vai mais ser médica?
– Não, eu vou defender os índios.
Mahara
Segundo texto com perspectiva de uma criança. É sempre muito mais sensível.
ResponderExcluirSutil, bom de ler, de facil entendimento. Mas nao acho que rompe com os limites do acontecimento.
ResponderExcluirAchei que o texto poderia ter se aprofundado mais para atingir o emocional do receptor. Um assunto como esse merece um olhar mais dramático.
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