Brasil. "Descoberto" em 1500. Proclamado como República desde 1889. Um país rico, não só em diversidades naturais, mas também no que se diz respeito à culturas, povos, tradições. Uma nação que tinha tudo pra ser uma das potências mundiais, onde todos iriam desejar morar. "Londres? Aquela cidade em que só chove e o Sol nunca dá as caras? Deus me livre! Milão? Por favor, nunca que a capital da moda e dos bons restaurantes chegaria aos pés de uma São Paulo. Nova York? Deixa esse lugar frio pra lá, diversão mesmo se tem nas lindas Dunas de Natal." Pois é, esse seria o mundo paralelo em que viveríamos caso uma simples palavra, que define uma virtude, fosse empregada nesse país a partir do momento em que os portugueses chegaram aqui: respeito.
Chegaram aqui se intitulando descobridores de uma terra já habitada. Procuravam riquezas que já tinham donos. E tentaram implantar uma cultura em um povo que já possuía um vasto repertório cultural. Se depararam com os índios, que eles julgavam como seres selvagens (e a história nos mostrou muito bem quem eram os verdadeiros "selvagens"). Pois bem, isso tudo foi só o estopim do que estava por vir. Em 517 anos de história, esse nunca foi um país em que a própria foi respeitada. Onde nada nunca foi respeitado. Mas apesar de tudo isso, não deveria ser algo que causasse espanto, afinal, o que esperar por vir em uma terra em que seus povos nativos são tratados como se não fossem humanos?
Emm um país tão miscigenado quanto o nosso, onde num pequeno espaço demográfico, como um simples bairro, você pode achar gente de diferentes origens, pessoas com descendentes europeus convivendo harmonicamente com quem tem família oriunda de escravos africanos, que aqui sofreram junto com os índios, fica triste saber que, um povo com tanto potencial pra ser um dos mais ricos no âmbito da empatia, sofre com o desrespeito todo santo dia. E, infelizmente, quem mais sofre com esse desrespeito são as minorias. E loucura pensar que quem é dono disso tudo que hoje chamamos de Brasil talvez seja a minoria com os seus direitos cada vez mais oprimidos, não é mesmo?
Pois é, e, com todo o respeito máximo que tenho pelo povo brasiliense, que não tem nada a ver com o que será citado a seguir, a canalização desse desrespeito todo se encontra na capital federal do Brasil. Brasília cada vez mais tem sido palco das mais perversas atitudes de desrespeito que alguém possa imaginar. Lá, nem o trabalhador brasileiro, que faz esse país ser o que é, apesar de todas as dificuldades que encontramos, é respeitado. Os direitos que lhe foram concedidos, a cada dia que passa vão sendo jogados no lixo. E, se nem o trabalhador é respeitado pela corja política que lá se encontra, será que alguém esperava que isso não fosse afetar também uma minoria que não recebe seu devido valor? Os índios só querem 0,01% dos direitos que merecem. Isso viria por meio de demarcação de terras indígenas. De maior participação e inclusão política por meio de órgãos, como o FUNAI. Da retirada de madeireiras e contenção do avanço da mineração que possam ameaçar a existência das tribos indígenas.
Mas não. O lucro é mais importante que a vida. O interesse comercial é maior do que a vontade de se preservar uma mínima cultura que ainda possa tornar identificável aquele povo dono de Pindorama. Nao donos de Brasil, nem de Terra dos Papagaios, muito menos de Terra de Santa Cruz. Mas dono de Pindorama, nome dado pelos indígenas pra denominar essa terra em que habitavam, conviviam entre si e hoje torcem pra poder perpetuar sua permanência por aqui. Tarefa essa que se mostra mais e mais árdua. Logo, enquanto os índios do Acampamento Terra Livre estendem faixas pedindo a retirada das madeireiras de suas tribos, a alta cúpula é responsável por estender caixões negros que simbolizam o genocídio indígena no gramado da Esplanada dos Ministérios. Nada melhor pra simbolizar o desrespeito pelo que os índios tem que passar no Brasil. Desrespeito esse que não afeta apenas os índios, mas que toca o coração de todo brasileiro de bem. Afinal, o Brasil é um país que só se distancia de suas origens, deixando de lado o famigerado lema "Ordem e Progresso" e acaba por adotar o de "Desordem e Retrocesso".
Kevin Dezap
O tamanho do texto e a forma como foi escrito o tornou muito cansativo.
ResponderExcluirFalta o tempero que aguça o paladar: emoção!
Invista em mais pausas e pontuação, talvez ajude nesse ponto.
O texto foi bem escrito, não encontrei falhas gramaticais ou coisa do tipo, mas penso que ele adquiriu um tom informativo demais. Não consegui enxergá-lo como uma crônica pelo modo como foi escrito, pelo tamanho...
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