sexta-feira, 28 de abril de 2017

Pra cego ver

O que hoje enxergo como mais uma assustadora opressão, nunca vi sem romantismo na televisão. Quão injusto seria eu, branca e descendente de portugueses, não citar a minha culpa?
No dia do índio fiz um cocar na escola e pintei o rosto. Alguém levantou por alto a questão cultural, com um pensamento egoísta e um tanto cego, lembro de pensar que esse foi grande serviço feito para nós. Tudo tão bonito! Tudo tão vivo! Mas não, tudo quase morto. Não me disseram qualquer coisa sobre as condições e sobrevivência dos índios, não interessava e nisso eu nem pensei.
Os homens brancos tiram todos os espaços que não poderiam e nenhuma consequência faz cessar. Nem as doenças trazidas ou a poluição que se espalha, tampouco a corrupção que tanto se questiona mas nunca em um julgamento de si.
Pequenos homens que usam terno instigam mais destruição e batalhas que nunca têm final. Os inimigos reais deveriam ser representantes de um todo, porém ordenam de costas enquanto brindam com champanhe no planalto.
O Brasil não foi descoberto! Quem estava aqui muito antes foi a todo tempo obrigado a se retirar, mas não foram todos calados. Os que ainda resistem sofrem o etnocídio na mesma essência de 1500.
Trocamos a chance de aprender sobre proteção por pensarmos em ganhos rasos. É irônico como ainda assim se fala muito em sustentabilidade, quando nunca se fez.
Nos mascararam e nós mascaramos. No meio das explicações sobre as conquistas de territórios, esqueceram de mencionar perdas maiores. A todo tempo excluímos suas lutas e impomos nossas guerras.

Ritinha N. Garcia 

2 comentários:

  1. acho que ficou confuso em certos momentos. o primeiro parágrafo não é bom pela rima de "opressão" e "televisão" e pela segunda frase que é questionável do ponto de vista sociológico. o texto guarda certa força, mas falta fluidez e um pouco mais de clareza.

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  2. Acho que o texto perdeu muito de sua oralidade a partir do terceiro parágrafo, começou a ficar um pouco confuso

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