quinta-feira, 13 de abril de 2017

Quem?


Falar do outro é fácil. Basta saber observar, ouvir e distorcer. Há quem tenha talento natural para a coisa, caso de grandes biógrafos como Stefan Zweig e Romain Rolland - ou mesmo minha vizinha. Discorrer sobre Nietzsche, Tolstói, Balzac e Antonieta, no caso do primeiro, ou Beethoven e Gandhi, objetos do segundo, não difere tanto, em termos práticos, de falar sobre a minha vida, foco singular da terceira. Não há como relatar fatos sobre alguém sem perder-se, minimamente que seja, da realidade. Nietzsche era nazista? Sou um vagabundo? Acepções meramente subjetivas. O que somos e fazemos de verdade só caberia num texto autobiográfico. Mesmo assim, também haveria distorções. Qual de nós realmente sabe explicar os inúmeros porquês de nossas vidas? Por que escolhemos isto? Por que abdicamos daquilo? Não haveria, portanto, alguém que pudesse afirmar com exatidão sobre demandas, anseios, vivências e reais sentimentos de outrem. Falar do outro é fácil. Ele largou Direito e Engenharia. Só não o fez também com Medicina porque não passou. Veio da África. Mais precisamente de São Gonçalo, bela cidade portuguesa. Tem 28 anos, mas sente o vigor e a juventude dos seus 17. Concluiu História. Decepcionou-se com a docência. Como julgá-lo? É provável que nem mesmo o mestrado em Comunicação resolva a extrema complexidade que há em passar uma mensagem e fazer-se compreendido. Zweig nunca afirmou ser Nietzsche um nazifascista. No entanto, muitos assim o interpretaram, unicamente por seu grande amigo, o cantor Wagner, sê-lo. Com a minha vizinha ocorre algo parecido. Basta me ver no calar da noite, embriagado e na companhia de variadas figuras femininas, que sou dito vagabundo. A bem da verdade, talvez realmente o seja. Talvez.... Fato é que ele pode ser quem quiser. Já podia antes mesmo de Simone de Beauvoir sancionar algo parecido. Mas ele, pasmem, só quer ser escritor. Fazer como minha vizinha! Falar do outro! E falar do outro.... Já sabe, né? Alunx Wolverine

3 comentários:

  1. O tanto de referência soou pretensioso demais

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  2. Muito ponto, uma boa parte desnecessária.

    Abs, Sr. Omar

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  3. A quantidade de comentários pode dizer mais sobre seu texto do que a minha opinião, MAS gostei da levada. Talvez por ter citado Nietzsche (referência bem utilizada). Não sei explicar. Destaco também uma habilidade para prender nossa atenção desde o início.

    "Há quem tenha talento natural para a coisa, caso de grandes biógrafos como Stefan Zweig e Romain Rolland - ou mesmo minha vizinha". Excelente.

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