quinta-feira, 13 de abril de 2017

Sobre a Historiadora e o Mercado

- Lembro dos sapatos dela.
- Sapatos?
- Dava pra ver lá debaixo da máquina.
- E que tal eles?
- Macios. De quem já ando um cado.
- Uma alegoria para vivida? Uma mulher de experiência talvez?
- Uma mulher com relógio.
- Desculpe, meu caro, explique melhor.
O Mecânico, desconfortável, ajeitou-se na cadeira.
- Papai era relojoeiro. Ele não tinha relógio. Concertava os de quem tinha. E ela tinha.
- Ah, abastada.
- Como?
- Rica.
- Só do que eu não tenho.
- Que seria... ?
- Palavras.
Agitei minhas penas, eriçado. Isso era ouro, e na sua ignorância, ele não fazia ideia.
- Mas bem, a mulher... - continuei, gesticulando com meu bico.
- A mulher. Historiadora. Tava cheia de palavras e certezas, várias ideias. Lembra os pistões dum 300 HP, já cuidei dum desses.
- Explica... - E não consegui esconder o tédio no meu grasnado.
- Ah, potência. Força. Queima combustível e corre. Ela tava cheia de combustível, mas não corria.
- E você disse algo para ela? Deu alguma válvula de escape para esse "combustível" todo?
- "Se a palavra assevera que elas são".
- Donde veio isso?!
- Um dia fui no teatro. Era pequeno. "O mercado de notícias".
- Ok, guardaremos isso para outro dia. O que ela lhe respondeu?
- Nada.
- Mas... ?
- Paro de andar. Tava andando dum lado pro outro. Também paro de fala no telefone. Parei de mexer no encanamento quando em quando.
- Não era um carro?
- Trabalhava de encanador antes. É tudo cano pra mim.
- Péssimo... - balançava minha cabeça em negação - mas, prossiga.
- Ela pergunto se eu falei alguma coisa. Não respondi. Achei que tava brava, não se mexe com dedo no triturador. Ela fica quieta mais um cado e falô: "deve ser um estalo, um silvo".
"Mas eu vi a máquina. Na cabeça dela. Tava se mexendo".
- Você mexeu com ela. Acha que ela vai repensar fazer história?
- Acho.
- E vai fazer o quê?
Brilhou uma faísca nos olhos do Mecânico.
- Ela vai trabalha no Mercado de Notícias.

O Corvo e O Mecânico.

10 comentários:

  1. A criatividade se destaca no seu texto. Realmente, um dos textos mais criativos que li até agora. Mas tente prestar atenção em alguns erros básicos de gramática que cometeu. Um exemplo é ''Concertava os de quem tinha'', quando o certo seria conSertava. Também há algumas irregularidades verbais. Esses tipos de erros podem acabar prejudicando um bom texto.

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    2. - Perdoe o Nobre Corvo. Ter que assimilar as irregularidades desse verborrágico parvo aqui é desgastante. No entanto, compreenda: a mim cabe reproduzir exatamente o que a vida fez a esse homem de mãos anônimas. A ignorância.
      - Verbo o quê?
      - Viu?

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  2. Olá,"O corvo e o Mecânico". Notei sua grande habilidade de crítica nos comentários das demais crônicas. No entanto, não os vi em prática nesse textinho mequetrefe. Por favor, use seus rispidos conselhos para seu texto também.

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    1. O Mecânico riu com gosto.
      - E então Corvo? Vai deixa?
      - Ignoro com veemência. Quando houve um argumento para embasá-lo, então darei-lhe atenção.
      - A gente falava isso quando não sabia o que dizer.

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  4. Vou retomar meu comentário porque acredito que faltaram alguns pontos no anterior.
    Mecânico E O Corvo, você deixou comentários bem ríspidos, usando as palavras de outro autor ali em cima. Quando se cobra tanto dos demais, é esperado algo grandioso de você e você precisa admitir que errou em diversos momentos do texto em gramática.
    "De quem já ando um cado." Não seria andou?
    "Concertava" Não seria consertava?
    "Ela vai trabalha no Mercado de Notícias" Não seria trabalhar?

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  5. Trabalhar com o diálogo entre Mecânico e Corvo é original. O início do texto é promissor e o final cumpre o que se propõe. No entanto, a glória foi também a ruína. O foco do texto se perdeu pelo miolo.

    E veja bem, não são as 'escapadas' do mecânico - elas são um ponto muito positivo, tanto pela continuidade da história, quanto pela ideia. Mas o diálogo em si não deve sobrepujar a importância da história. Quando você acertar a mão, teremos o seu melhor. Um abraço.

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  6. Em tempo, fico satisfeito da historiadora ter sido retratada numa crônica. De certo é uma personagem maravilhosa (literária ou da vida).

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