Cocar, arco e flecha, chocalho... Nada disso nos representa mais. Ao nosso redor vemos cinza, destruição e sangue, muito sangue. A terra foi arrancada de nós, terra que nascemos, crescemos, cuidamos e amamos, hoje não cresce mais flor. Máquinas destroem a flora, a fumaça a fauna, o verde das árvores foi substituído pelo verde do dinheiro. Perdemos nossa identidade, ser índio virou questão de resistência, de luta por direitos básicos. Podem corrigir seus livros de historia! Cabral não descobriu o Brasil, não senhor! Já estava muito bem descoberto pelos nossos antepassados, que faziam dessa terra seu lar e santuário. Desde então nossa luta começou, árdua, mas sempre digna, lutamos contra o invisível, o capital, valemos menos que papel. Fomos completamente marginalizados, e lembrados somente dentro dos estereótipos, que nos aprisionam e massacram. Até dia nacional temos, 19 de abril, crianças saem de suas escolas fantasiadas com nossa cultura, que nos foi roubada e mercantilizada. Se grande parte das nossas terras foram tomadas, que no mínimo as que sobraram sejam demarcadas. Querem-nos calados, mas isso não terão! Daqui não arredo o pé, e minha voz vou transformar em grito, e vamos gritar alto e forte ate que nos escutem. E então quem me dera que ao menos de uma vez não sejamos atacados por sermos inocentes.
Agnes Waterhouse
O texto é suficientemente curto e impactante, a leitura é fácil. As palavras carregam facilmente a emoção de quem vivenciou todas as coisas citadas ou, pelo menos – o que é o caso da autora –, de quem tem empatia para sentir tudo isso.
ResponderExcluirO texto é suficientemente curto e impactante, a leitura é fácil. As palavras carregam facilmente a emoção de quem vivenciou todas as coisas citadas ou, pelo menos – o que é o caso da autora –, de quem tem empatia para sentir tudo isso.
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