“Quem não sonhou em ser um jogador de futebol?”

Niteroiense da gema – tipo Edmundo, o animal –, estudar na UFF me parecia ser o caminho natural que todo papa-goiaba seguia após o fim do Ensino Médio. Passada a euforia, uma vez na universidade pública, todos começamos a nos questionar sobre o porquê de estarmos aqui. Que caminho traçar dentro do Jornalismo?

Assim como a maioria dos garotos que a gente vê pelas quadras de escola, de condomínio, ou pelas ruas, de paralelepípedos, ou empoeiradas, de terra batida, meu sonho de infância era ser um jogador. Mas a gente cresce, se depara com a realidade e a vida mostra que há outras alternativas. Apesar de não ter tanto talento, minha paixão pelo esporte não morreu. Só germinou e brotou de uma forma diferente. Descobri que Jornalismo e esporte faziam uma dupla tão boa quanto Müller e Lewandowski.

Em uma noite quente de Abril, passei duas horas ouvindo as histórias de vida de trinta ou quarenta pessoas. Todas com sonhos grandiosos, desejos revolucionários que as levaram a escolher o Jornalismo. E eu estava ali, agarrado só ao esporte. Pareceu pequeno demais. Uns querendo mudar o mundo e transformar a mídia brasileira e eu louco pra ganhar dinheiro falando de vinte homens correndo atrás de uma bola...

Bom, Pollo, aquele grupo de rap, diz que “só quem sente, sabe”. Eu sinto. Eu sei. E se ninguém consegue enxergar a grandeza que existe atrás do esporte, eu consigo. Se ninguém valoriza a capacidade do esporte de promover a inclusão, a fraternidade e tantas transformações culturais, de tirar crianças das ruas e do crime e de trazer a alegria que às vezes falta no nosso povo, eu valorizo. Digo que tenho em mim todos os sonhos do mundo porque o meu é grande e carrega tudo de bom que as pessoas desejam ver na sociedade. Talvez nada disso seja tão visível no esporte, mas se estou aqui hoje, é porque quero mostrar essa realidade pra quem ainda não a conhece. Afinal, como canta o Skank, quem não sonhou em ser um jogador de futebol?

Lukas Salazar.