Na nudez da terra nova de verdes nuances, meu corpo nu se destacava. A dança do mar e seu balanço se ritmava aos rituais. Nossa tribo não tinha medo. Tigre, cobra, jacaré; nós tínhamos o nosso pajé.
Mas o mar dançou diferente aquele dia. Nem as palmeiras nos traziam tranquilidade.
Uma criatura das águas se aproximou: ela trouxe homens brancos.
Tentaram nos prender, tentaram nos escravizar, tentaram nos exterminar. Conseguiram.
As ocas diminuíram, os pajés perderam força, meu cocar agora tem menos penas. A zarabatana não funciona mais tão bem, minhas flechas os machucam, mas suas armas assustam mais. O cacique se impõe, mas o homem branco de grandes terras tem mais voz contra nós. Me visto, me cubro, me calço, mas ainda não me enxergam. Meus tambores gritam, ecoam, mas ninguém escuta.
Não sou escutado e não sou compreendido.
Falo tupi-guarani, mas aprendi português.
O homem branco ainda não dá me ouvidos.
Falo tupi-guarani, mas aprendi português.
O homem branco ainda não dá me ouvidos.
Sufocado, sem espaço, sem identidade, sigo resistindo.
Sunny
Sunny
Gostei do lirismo, mas faltou se ater um pouco mais ao fato em si.
ResponderExcluirNa verdade, se me permite dizer, acho que consegui romper, visto que o acontecimento era a manifestação em si e eu tentei retratar o enfraquecimento do índio no Brasil aos poucos a partir da chegada do "homem branco" chegando onde estamos hoje e tudo isso não de forma tão direta.
ExcluirE obrigada, aliás. (Ignore o "chegada" e "chegando" muito próximos um do outro)
Excluiracho que o texto tem um ritmo/sonoridade bacana que se perde em alguns momentos - principalmente no final. mas gostei das referências, bastante enriqueceu a leitura.
ResponderExcluirObrigada! Foi opção minha "mudar o ritmo", mas é bom ler críticas para repensar.
ExcluirTexto criativo e bem escrito. No entanto, não ficou claro para o leitor qual a imagem que o autor buscou retratar.
ResponderExcluirA imagem que tentei passar foi justamente a que disse ali em cima em outro comentário: O enfraquecimento do índio com metáforas desde a chegada do homem branco até os dias atuais.
ExcluirE muito obrigada também!
ExcluirO texto ultrapassa os limites do conhecimento. É completamente perene. Gostei bastante da forma como foi escrito e da escolha das metáforas.
ResponderExcluirMuitíssimo obrigada!
Excluir- Ela gosta de responder, Mecânico! Que interessante!
ResponderExcluir- Mas dá pra falá do texto?
- Claro, claro. Ótimas metáforas, realmente. Tão boas que queria ver mais.
- Mais, é, tô contigo.
- Sim, algo assim pode ser melhor aproveitado do que como foi. E quando falamos de algo nos referimos ao...
- Talento.
- Isso! Não gosto da palavra, mas cabe bem.
- Não gosta porquê?
- Talento, sem talento, como todos no final.
- Nojento.
- Mas faz parte. Algo mais?
- Uhum. "Falo tupi-guarani, mas aprendi português". Tá certo, mas feio.
- Quebra de sonoridade?
- De ritmo. É. Não ficô legal.
Gosto de responder até como um contraste de visões e para aprendizado. As pessoas não leem o texto da mesma maneira. Quanto à sua crítica, não entendo se quando fala "sem talento" é sobre mim ou sobre o meu texto e se quando diz "nojento" se refere a ele também. Ademais, a prática é o melhor exercício pra isso e não sei se da pra julgar se alguém aqui não tem talento por um simples texto a ser entregue em dois dias. Não me sinto tão acima de ninguém para ter julgamentos tão subjetivos assim. Tento sempre me embasar nas críticas sobre as competências que o professor deu de jornalismo literário. Também já disse ali em cima o motivo do final e a quebra foi opcional e a forma que vi de terminar o texto. Quanto ao que disse das metáforas, obrigada.
ExcluirSe não estou enganado, era um pré-requisito o texto descrever uma das imagens que o professor havia postado em seu instagram. A mim não ficou claro nenhuma delas no texto.
ResponderExcluirAbs, Sr.Omar
Omar, caso descrevesse ela simplesmente, eu não romperia os limites do acontecimento como foi solicitado.
ExcluirSunny, concordo com você. Não acredito que você precise se preocupar se descreveu ou não as imagens. Destaco um trecho que, na minha opinião, diz o que precisava ser dito para isso:
ResponderExcluir"A zarabatana não funciona mais tão bem, minhas flechas os machucam, mas suas armas assustam mais."
Além disso, o texto tem perenidade. Um abraço.
Muito obrigada! Abraço.
Excluiro final tem um impacto excelente
ResponderExcluirObrigada!
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