Lá atrás, quando eu cultivava esse grande pedaço de terra, era feliz. Continuei assim por longos anos. Minha tecnologia natural resolvia tudo: Me curava, me alimentava e me fazia viver uma vida sem conflitos. O ditado “Tudo que é bom dura pouco”, ainda não circulava no nosso vocabulário, porém sentíamos, só não sabíamos como falar.
Com espelhos e miçangas, me iludi e cai no Conto do Vigário. Que maldade de sua parte, portuga! Achas realmente que isso seja positivo para o começo de uma nova civilização? Bugigangas por Ouro? Cuidado para que não voltes contra ti tal ação imperdoável. Mas como sou ligeiro, desde já, digo: Seus ensinamentos vingaram com sucesso!
Minha folha de bananeira continua a ser meu principal traje de guerra. Já você, que mesmo sendo menos ofensivo anteriormente, já me tomava tudo, fez questão de aumentar seu poderio e agora até uma coisa que explode tem. Quem dera meu arco e flecha ser automático para competir com seu gatilho imperdoável. Malditas fábricas (que também tomaram meu espaço).
Então, portugas... não, agora vocês são chamados brasileiros, é isso? Aqueles que amam a pátria, mas esquecem dos seus primórdios? É, é isso mesmo, e se não for também, problema, vocês erram o nome de nossas tribos toda hora.
Mas vamos voltar ao que eu queria dizer. O preconceito que tu exercestes contra aqueles que tu defines como minoria, sejamos nós, indígenas ou negros, está farto. Assim como eles, nós aprendemos que a voz é a maior arma na luta social.
Minha simples revolta aqui, deve te deixar com raiva, mas prometa-me, que o meu próximo pedido, tu lerás com carinho: Me deixe ser feliz no meu curto espaço de terra e não me faça sentir-me mais incapaz.
Nelson G. Rodrigues Jr.
Gostei muito do seu texto. Tem lirismo e sentimento na medida certa. Parabéns!
ResponderExcluir- Muito bem escrito, não acha, Mecânico?
ResponderExcluir- É bom. Mas não pra mim.
- Não é bom o suficiente para alguém, como você, sujo de graxa?
- Não. Não é bom pra quem num entende direito.
- Ah! A velha ignorância batendo à porta?
- Só queria sabê entendê.
- Mas nem todos escrevem para todos, Mecânico. Esse Nelson, por exemplo, é um deles.